Paraná

Julgamento sobre a morte de Rafael Zanella é adiado

01 set 2003 às 19:33

Foi adiado nesta segunda-feira, pela quinta vez, o julgamento dos dois ex-policiais civis Airton Adonski Junior e Reinaldo Siduowski, acusados da morte do estudante Rafael Zanella, em maio de 1997.

Desta vez, os advogados de defesa Cláudio Dalledone Junior e Antonio Augusto Figueiredo Bastos se negaram a continuar os trabalhos, sob alegação de que o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Juri, Fernando Ferreira de Novaes, que preside o caso, estaria cerceando a defesa dos acusados. Os advogados também pediram o afastamento do juiz do processo.

O clima ficou tenso no Tribunal. Os advogados se exaltaram enquanto acusavam o juiz. A acusação de cerceamento de defesa deve-se ao fato de Novaes não ter aceitado juntar ao processo novos documentos encaminhados pelos advogados na última terça-feira.

Em função do indeferimento, na sexta-feira eles encaminharam o pedido de afastamento do juiz por suspeição. ''Meu comportamento é profissional. Ele queriam juntar uma documentação com mais de duas mil folhas. Como não havia tempo hábil para que os outros envolvidos tomassem ciência do conteúdo, o pedido foi indeferido'', explicou.

Tanto o juiz como o promotor Carlos Ribas Carli interpretaram a decisão dos advogados como um meio de adiar o julgamento. Para evitar novos adiamentos e maior demora no caso, Carli solicitou ao juiz que decrete a prisão preventiva dos acusados por homicídio e que solicite à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a designação de dois advogados para substituir Dalledone e Figueiredo na defesa na próxima sessão, se necessário.

Antes do juiz designar nova data do julgamento, o Tribunal de Justiça terá que decidir sobre o pedido de afastamento de Novaes. Há possibilidade, segundo o juiz, de que o julgamento só aconteça no ano que vem, uma vez que o Tribunal do Juri tem agendado 16 julgamentos até o final do ano. Revoltado com o adiamento, Carli fez um relato sobre os meios usados pela defesa para estender o caso, o que foi rebatido de forma exaltada pelos advogados.

''Eu achei que desta vez o julgamento ia acontecer, mas isto está virando um palco de teatro. A autoridade máxima aqui deveria ser o juiz mas os advogados estão querendo roubar a cena'', desabafou a mãe de Rafael, Elizabetha Zanella, arrolada como testemunha de acusação. Também seria ouvida a testemunha de defesa Jane Adonski, irmã de um dos acusados.

Zanella foi morto com um tiro na cabeça, aos 20 anos, no dia 28 de maio de 1997, durante uma blitz feita por policiais do 12º Distrito Policial, no Bairro Santa Felicidade. Ficou comprovado que a polícia forjou o flagrante de drogas e um tiroteio para justificar o assassinato do estudante.

No final de 1998, Adonski Junior e Siduowski foram julgados e condenados por tortura, denúncia caluniosa, fraude processual e homicídio, a pena de 40 e 21 anos de reclusão, respectivamente. Como o TJ anulou a sentença de homicídio, em 1999, a acusação entrou com recurso e os dois estão sendo novamente levados a Juri por homicídio. Eles cumprem pena na Central de Observação e Triagem (COT), em Curitiba.


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