Paraná

Juíza ouve mulheres acusadas de tortura contra criança

24 nov 2000 às 16:05

A juíza do Fórum de São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), Marcelize Weber Lorite, ouviu o depoimento das três mulheres acusadas de terem participado ativa ou passivamente das sessões de torturas contra uma menina de três anos de idade, numa residência do Jardim Urano. As cenas brutais foram gravadas em fitas de vídeo, que foram apreendidas pela Polícia Federal e fazem parte dos autos.

Zenice Pires, mãe da menina torturada, foi denunciada por omissão de socorro. De acordo com a denúncia, ela estava mantendo um envolvimento amoroso com Marcelo Borelli, preso por tráfico de armas e acusado de ser um dos maiores assaltantes de carros-forte do país.


Durante o período em que as torturas aconteceram, Zenice alega que estava em viagens para resolver assuntos profissionais. Ela disse desconhecer que as fitas estavam sendo gravadas e que tinha visto hematomas na filha, mas Borelli alegava que a menina tinha sofrido acidentes domésticos.


Durante a audiência, Zenice não quis assistir a fita de instrução do processo. "Ela foi retirada de dentro da sala porque disse que não aguentaria assistir as cenas gravadas na fita. Não posso ocasionar um constrangimento ilegal à ré. Se ela não quer ter acesso às provas dos autos, nada posso fazer", declarou a juíza.


Maria Ilda de Carvalho (tia de Borelli) e Maria Cristina Pereira Marques (supostamente amante de Maria Ilda) são denunciadas por participação ativa nas sessões de tortura. Elas foram ouvidas e estão presas na Polícia Federal, em Curitiba. A Polícia Federal alega que elas participavam também da quadrilha de Borelli.


A fita apresentada para as acusadas teria sido gravada - segundo a denúncia do Ministério Público - entre os dias 10 e 11 de setembro. No entanto, os promotores acreditam que a menina vinha sendo torturada há mais tempo. "Podemos notar claramente na fita que a garota sabia ser torturada. Ela era torturada como se fosse uma pessoa adulta", afirmou João Milton Salles, promotor de Investigações Criminais.

Esta foi a única oportunidade dada pela juíza para que as acusadas se defendam. Nos próximos dias, ela pretende ouvir testemunhas e analisar as provas apresentadas para embasar a sentença que tem que ser apresentada até o dia 9 de fevereiro.


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