No ano passado, a Swat de Los Angeles conseguiu resolver com sucesso 100% dos 150 casos em que foi chamada a participar. Em apenas três ocorrências houve troca de tiros ou morte do bandido. Já aqui no Brasil, continua viva na lembrança a imagem exaustivamente mostrada pela imprensa do assalto ao ônibus 174, no dia 12 de junho de 2000, no Rio de Janeiro: do rosto desperado da professora Geisa Firmo Gonçalves, que acabou sendo morta pelo assaltante e sequestrador, depois de passar quase quatro horas ameçada com um revólver apontado para sua cabeça.
Analisar os erros e acertos que levam a resultados tão diferentes para operações policiais especiais é o objetivo do 2º Simpósio Internacional de Táticas Policiais Tees-2001, que está sendo realizado no salão de atos do Parque Barigui. Além dos técnicos americanos, mais de 100 policiais civis, militares, federais, soldados do exército, guardas municipais e seguranças de vários estados participam do evento.
"Os tipos de incidentes e crimes que acontecem nos dois países são praticamente os mesmos. A diferença é que os Estados Unidos investem muito em equipamentos de ataque e de proteção ao policial, em munições e, principalmente, o nível de treinamento da polícia é muito alto", diz Michael Odel, líder do Departamento Policial da Swat de Los Angeles. Para ele, os policiais brasileiros têm a mesma capacidade dos americanos. O que os diferencia são as condições de trabalho.
O tenente-coronel Venâncio Alves de Moura, comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, vai mais adiante. Ele acredita que o policial brasileiro é até "mais corajoso" do que o americano, uma vez que é obrigado a enfrentar situações de risco sem as mesmas garantias que têm os americanos. "Outra vantagem é que os brasileiros querem participar de treinamentos e têm mais facilidades para aprender as técnicas", concorda Kevan Gillies, diretor e instrutor da Tees Brasil - empresa que organiza cursos e treinamentos para policiais - operando no Brasil há 20 anos.
Este ano, os debates do Simpósio estão sendo direcionados para ressaltar a importância dos treinamentos especializados para os grupos táticos. "A polícia americana vive uma situação ideal em termos de equipamentos e treinamentos", diz o o capitão Péricles de Matos, chefe do grupo Águia da Polícia Militar do Paraná, que comandou, recentemente, a operação de resgate dos reféns nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais de Curitiba. Ele ressalta, no entanto, os bons resultados obtidos pelos grupos especiais das Polícias Civil e Militar no Paraná. "Até mesmo as rebeliões em presídios acabaram sem mortes", afirmou.
Para ele, além de investir em treinamentos, a polícia deve se preocupar em investigar mais para poder prevenir situações. "É preciso investigar para prender e não prender e depois investigar", diz. Com esse princípio, investigando pessoas ligadas ao crime organizado, buscando informações sobre fugas e saídas de presos dos presídios, um resultado positivo dos trabalhos do grupo Águia, segundo ele, foi a redução nos assaltos a ônibus na rota para Foz do Iguaçu.