Londrina

Revendas baixam preço da gasolina

10 jul 2004 às 01:26
O mistério ronda as oscilações do preço da gasolina em Londrina. O combustível, que chegou a ser vendido por R$ 2,19 o litro há menos de um mês, era encontrado ontem, em vários postos da cidade, por R$ 1,89. Proprietários da maioria dos estabelecimentos procurados pela Folha se recusaram a explicar o ajuste de preços. Os poucos que emitiram opinião atribuem a mudança à concorrência acirrada.
Emílio Santaella, proprietário de um posto na região oeste, afirmou que algumas companhias distribuidoras estão vendendo gasolina com preço promocional. Conveniados dessas empresas abaixaram o valor cobrado na bomba para R$ 1,89, forçando, dessa forma, os outros concorrentes a ajustarem os preços. ''Estou sem margem'', disse ele, que trabalha com bandeira branca.
Proprietário de um estabelecimento na região central, Paulo Camargo confirmou a versão de seu concorrente. Dono de um posto de bandeira Ipiranga, ele revelou que a companhia também fez promoção depois que outras distribuidoras abaixaram o preço. Ele trabalha, hoje, com margem de 4% sobre a venda do produto. ''A média praticada pelo setor é 13%'', comparou.
O empresário não acredita que os preços baixos permaneçam por muito tempo. ''Os postos não têm oxigênio para manter esses valores'', justificou. Camargo afirmou, ainda, que o mercado do setor de revenda é complicado por causa da ''concorrência desleal''. ''Quem trabalha de acordo com a lei concorre com postos que sonegam impostos e vendem combustível adulterado'', reclamou.
Para Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis do Paraná, as oscilações de preço, em Londrina, são inexplicadas. ''É totalmente impossível vender gasolina por esse valor (R$ 1,89)'', afirmou. De acordo com o site da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro de gasolina vendido na cidade variou, no atacado, de R$ 1,80 a R$ 1,90 na semana passada.
Para Fregonese, o cenário indica prática de dumping (quando as empresas vendem por preços menores que o de custo para forçar a concorrência). ''As autoridades precisam abrir um processo investigativo'', cobrou. Outra possível explicação para o barateamento, segundo o dirigente, é a venda de combustível adulterado com violação de bandeira.
Consumidores receberam a notícia de queda nos preços com satisfação e desconfiança. ''Por mim, pode ficar ainda mais barato, desde que não haja alteração na qualidade'', afirmou o motorista autônomo Antônio Grade, 62. Essa é a mesma opinião do professor Ranildo Ferreira, 49. ''Espero que seja apenas concorrência, que não haja adulteração'', disse.

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