Agentes penitenciários de todo o Paraná cruzaram os braços na manhã de hoje e mantêm apenas serviços de vigilância emergencial dentro das unidades carcerárias do estado. A paralisação é em protesto contra o assassinato do agente penitenciário Walter Giovani de Brito, 26 anos, na madrugada desta segunda-feira (12); outro agente, Bruno Mazzini da Silva, 26, ficou gravemente ferido. A categoria contabiliza o assassinato de seis agentes nos últimos quatro anos e, por isso, pede mais segurança interna, nas cadeias, e externamente, deseja obter licença para portar arma.
"Estamos mantendo apenas os serviços emergenciais: escoltando presos para audiência e faremos o transporte para o hospital em caso de emergência médica. E também vamos distribuir a alimentação", disse um agente que preferiu não ser identificado. A condução interna de detentos para atendimento psicológico, assistencial e judiciário não está sendo feita.
Um grupo de agentes está concentrado agora pela manhã na frente do Centro de Detenção e Ressocialização de Londrina (CDR), onde trabalhava Walter. "Os agentes da Penitenciária Estadual (PEL) e da Casa de Custódia também estão aqui participando do protesto".
O mesmo agente disse que outras cadeias do Paraná também paralisaram parcialmente as atividades. "Sabemos que o protesto está sendo realizado em diversas unidades, principalmente em Curitiba, já que o Walter veio transferido da capital para Londrina".
Segundo ele, os diretores das prisões em Londrina estão pressionando pelo fim do movimento, afirmando que vão pedir à Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJU) abertura de comissão de sindicância contra os agentes paralisados. A assessoria de imprensa da SEJU disse que o secretário, talvez, encaminhe nota oficial sobre a morte do agente e a paralisação na tarde desta terça-feira (13), já que agora pela manhã está na "Escola de Governo", com o governador Roberto Requião.
O crime
Walter de Brito foi morto com três tiros quando estava na frente de um bar na Avenida Santos Dumont, no Jardim Aeroporto, em Londrina. Bruno Mazzini foi ferido com disparos. E Levindo Custódio Júnior, 34, que também é agente penitenciário do CDR e que estava junto, reagiu ao atentado e atirou contra o agressor, Juliano Jadson Lima dos Santos, 21, ferindo-o.
Juliano passou pelo local em uma motocicleta Honda Fan e, informações preliminares da polícia, davam conta de que ele seria ex-presidiário e o atentado seria para vingar-se dos agentes. No entanto, hoje os agentes disseram que Juliano jamais esteve no sistema prisional – foi apenas detido em distrito policial – e teria agido a mando de algum criminoso. "Acreditamos que o atentado tenha sido uma retaliação pelo fato de serem agentes penitenciários", comentou o agente que não quis se identificar. "Temos informações que o homicida foi contratado por alguém para fazer "o serviço".
O policiamento no Hospital Universitário, onde está internado Juliano, foi reforçado, porque haveria suspeita de que o suposto mandante do crime tentaria matá-lo no hospital.
Walter, Bruno e Levindo moravam juntos em uma "república". Os três trabalhavam no CDR. Bruno passou por cirurgia e não corre risco de morte, mas não sabe que o amigo perdeu a vida. Levindo, após atirar contra Juliano, foi detido por porte ilegal de arma.