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Declaração

Em visita ao Senado, Moro chama política econômica do governo de "equivocada"

Julia Chaib e Mateus Vargas/Folhapress
24 nov 2021 às 09:59

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- Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Na primeira visita ao Senado desde que se filiou ao Podemos, o ex-ministro Sergio Moro chamou de "equivocada" a política econômica do governo Jair Bolsonaro, do qual fez parte até abril de 2020.


Pré-candidato à Presidência da República, Moro afirmou nesta terça-feira (23) ter "compaixão com brasileiros que passam fome" e disse que, se aprovada como está, a PEC dos Precatórios pode gerar desemprego e alta de juros.

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O ex-ministro de Bolsonaro também criticou o PT ao dizer que o teto de gastos, aprovado no governo Michel Temer (MDB), gerou baixa nos juros que estavam altos devido à "recessão" causada por gestões petistas.

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Ainda no Congresso, o ex-juiz responsável pelos processo da Lava Jato em Curitiba evitou responder a perguntas sobre sua relação com partidos do centrão e se toparia dialogar com políticos investigados pela operação.

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A última vez que o ex-magistrado esteve no Senado, segundo assessores, foi durante a tramitação do pacote anticrime, aprovado em dezembro de 2019, quando ele ainda fazia parte do governo.


Moro foi ministro de Bolsonaro até abril deste ano, quando pediu demissão e acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Depois, o ex-juiz foi julgado parcial pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nos processos da Lava Jato em que condenou o ex-presidente Lula (PT).

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Nesta terça, Moro buscou afastar-se da gestão de Bolsonaro. "Enquanto eu estava no governo, eu era responsável pelo Ministério da Justiça, nunca fui responsável pela política econômica. O fato é que as promessas da política econômica, de respeito ao teto de gastos, responsabilidade fiscal e crescimento econômico, não foram realizadas", disse.


"A perspectiva para o próximo ano, infelizmente, é de estagnacão ou recessão, o que gera desemprego, e esse é um produto direto da irresponsabildiade fiscal do governo."

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O ex-ministro ainda criticou a troca de nome do Bolsa Família para Auxílio Brasil, "algo que nega o crédito em relação a políticas anteriores".


Na semana passada, Moro anunciou o nome do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore como um de seus conselheiros na macroeconomia.

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O ex-juiz foi ao Congresso nesta terça sob a justificativa de apoiar a posição do Podemos contrária à aprovação da PEC dos Precatórios enviada pela Câmara.


Moro reafirmou que o partido ao qual é filiado defende a expansão do Auxílio Brasil, mas que é possível fazer isso sem "efeitos colatareis" pretendidos pelo governo, que seria derrubar o teto.

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"A grande questão, em verdade, que se coloca hoje é se responsabilidade social é incompatível com responsabilidade fiscal. A resposta que a bancada do Podemos do Senado tem a acrescentar é que as duas caminham juntas", disse


"O Podemos é absolutamente favorável ao combate à pobreza. É um dos objetivos fundamentais escritos na Constituição. Não há como não ter compaixão pelos brasileiros que passam fome decorrente do desemprego e de uma política econômica equivocada", afirmou.

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O pré-candidato à Presidência ainda criticou gestões petistas. "O teto de gastos, quando foi criado em 2016, resultou numa imediata queda dos juros cobrados do mercado. Isso impulsionou a recuperação da economia que vinha da recessão criada pelo governo do Partido dos Trabalhadores", disse.


O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) é autor de uma proposta alternativa à PEC, que tem como diferença em relação ao texto enviado pelo governo a previsão de tornar o Auxílio Brasil permanente, por exemplo.


Moro defendeu a proposta do correligionário e afirmou que a PEC encampada pelo governo propõe a quebra do teto de gastos e calote no pagamento de precatórios.


A proposta costurada pelo Planalto revisa o cálculo do teto de gastos e abre espaço no Orçamento para o pagamento do Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família, a R$ 400.


O ex-juiz ainda avaliou que o governo tem intenção de abrir espaço fiscal com a aprovação da PEC para também elevar os recursos disponíveis para emendas de relator, que "não têm razão de ser" e que são pagamentos efetuados sem "transparência", segundo ele.


"Não vamos fechar os olhos para as consequências dessa política do teto de gastos. [Isso] Vai gerar aumento da inflação, que terá de ser respondido pelo Banco Central com o aumento dos juros", disse Moro.


"Quando se fala em aumento de juros, a consequência disso é a recessão. Na prática, isso significa menores salários e desempregos. O Podemos não pode compactuar com o desemprego dos trabalhadores", continuou.


Questionado sobre como seria possível governar sem ter as emendas de relator criticadas pelo ex-ministro, o ex-juiz repisou o mote de que prega uma nova política, como a Folha mostrou.


"Como eu disse, [dá para negociar] com base em princípios, projetos e valores. O diálogo sempre é possível."


Apesar de já ter dito em entrevistas que há pessoas boas em todos os partidos, inclusive os do centrão, Moro ficou em silêncio após ser questionado sobre se conversaria com investigados da Lava Jato.


Moro ainda comentou as prévias do PSDB, que patinam devido a entraves tecnológicos do aplicativo contratado pela legenda.


"O PSDB é um grande partido. A gente tem que respeitar, eles vão tomar a decisão deles no tempo deles", disse.


Na terça (23), em entrevista à Rádio Correio Sat, da Paraíba. Bolsonaro voltou a criticar Moro: disse que quer vê-lo discursando sobre um carro de som e afirmou que ele não representa uma ameaça à sua tentativa de reeleição.


"Moro esteve comigo um ano e quatro meses, depois pediu demissão. E ele tinha um objetivo próprio aqui na Presidência. Raramente contava uma piada, conversava com alguém, e não estava, no meu entender, atendendo aos nossos propósitos. Eu nunca tentei interferir em nada da PF", disse Bolsonaro, rebatendo acusações do ex-juiz.

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