Apesar de o PT ter fechado um acordo, no ano passado, para apoiar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo na eleição de 2024, uma ala minoritária do partido se opõe ao acerto e defende o lançamento de uma candidatura própria.
Em troca da aliança com o PT, Boulos, que disputou a prefeitura e perdeu no segundo turno em 2020, abriu mão de concorrer ao Governo de São Paulo em 2022, declarando apoio a Fernando Haddad (PT) desde o primeiro turno.
Leia mais:
Três municípios acumulam topos no ranking agropecuário do Paraná
Suspeito armado morre em confronto com a Polícia Militar em Londrina
Casa de autor de atentado em Brasília é incendiada em SC; ex-companheira é a suspeita
TCE barra programa de terceirização das escolas de Ratinho Junior
O PT pretende já consolidar o apoio a Boulos no congresso do diretório municipal, programado para os dias 4 e 5 de agosto. O deputado federal Jilmar Tatto (PT) e seu grupo político, que inclui seus irmãos deputados e vereadores, têm sido os principais opositores do acordo com o PSOL.
Em resposta à resistência, o presidente Lula (PT) e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reforçaram publicamente nos últimos dias o apoio a Boulos em 2024. Seu principal adversário será o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que caminha para ter o apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Entenda os argumentos de parte do PT a favor de lançar um candidato petista à Prefeitura de São Paulo.
Chances de vitória
A tese de uma ala do PT é a de que só um candidato de centro-esquerda tem chances de vencer na capital. Ou seja, é preciso que a esquerda faça uma inflexão ao centro e apresente um candidato palatável, o que não seria o caso de Boulos, identificado com o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Nessa leitura, o candidato do PSOL não conseguiria furar a bolha dos eleitores de esquerda e poderia perder no segundo turno para Ricardo Nunes.
Em 2022, Lula e Haddad tiveram mais votos que Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Republicanos) na capital, o que abriu uma chance para a esquerda em 2024.
Já em 2020, o PT decidiu lançar Tatto para a prefeitura e amargou seu pior resultado, com 8,6% dos votos (sexto lugar). O deputado diz acreditar que o contexto eleitoral é outro agora --mais favorável para o PT com Lula no Palácio do Planalto e bons resultados na economia.
PT coadjuvante
Petistas afirmam que o partido, pelo seu tamanho e história, não pode deixar de apresentar um nome para concorrer em São Paulo. A falta de opções competitivas seria um atestado de incompetência para uma legenda que governa o país e já administrou São Paulo em três mandatos.
Nesse sentido, ministros do governo Lula que são de São Paulo poderiam ser opções.
Crescimento da bancada e do partido
Um candidato do PT na cidade de São Paulo ajudaria a eleger um maior número de vereadores do partido, o que fortaleceria a sigla. Estrategicamente a eleição de 2024 é vista como uma oportunidade para que o PT retome prefeituras no estado de São Paulo e, assim, ajude a pavimentar a reeleição do partido na Presidência da República em 2026.
Petistas também cobram que o partido só apoie candidatos de outros partidos em 2024 com a certeza de que eles farão campanha para o PT em 2026.
Alinhamento do PSOL
O alinhamento do PSOL ao PT é questionado. No Congresso Nacional neste ano, por exemplo, os deputados do PSOL, inclusive Boulos, votaram contra o arcabouço fiscal. Na votação da Reforma Tributária, três parlamentares do PSOL se abstiveram e o restante votou a favor.
Além disso, petistas lembram que o PSOL também foi oposição em alguns momentos da gestão de Haddad na Prefeitura de São Paulo. E argumentam que o partido lançou candidato à Presidência da República em 2018, no caso o próprio Boulos, em vez de apoiar o PT num momento delicado da sigla, com Lula preso.
Defesa do PT e seu legado
Numa campanha em que o PT deve ser o alvo de adversários, a ideia é que só um candidato do partido poderia defendê-lo de acusações de corrupção, algo que Boulos deixaria de fazer. Além disso, o PT quer que o candidato defenda o legado das administrações petistas na cidade, com feitos como os corredores de ônibus, o Bilhete Único e os CEUs.
Competição com o PSOL
Petistas afirmam que PT e PSOL competem pelo mesmo perfil de eleitor e, portanto, um crescimento da segunda sigla implica no encolhimento da primeira.
Também há temor de que a candidatura de Boulos estimule o PSOL a lançar candidatos na região metropolitana de São Paulo, o que atrapalha os planos eleitorais do PT.