O ativista moçambicano Jeremias Vunjanhe, impedido de entrar no Brasil no último dia 12 para participar de um evento paralelo à Rio+20, obteve um novo visto e está a caminho do país.
Segundo a ONG Justiça Ambiental, em que Vunjanhe atua, o ativista obteve um novo visto na embaixada brasileira em Maputo, capital moçambicana, e embarcou na noite de domingo rumo ao Brasil, onde deve chegar nas próximas horas.
Vunjanhe coordena uma campanha da Justiça Ambiental contra a ação da mineradora brasileira Vale em Moçambique. Ele pretende divulgar a atuação da empresa no 3° Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, que ocorrerá na Cúpula dos Povos, evento paralelo à conferência da ONU.
A Justiça Ambiental afirmou à BBC Brasil, no entanto, que autoridades brasileiras ainda não esclareceram por que ele foi barrado na semana passada.
Vunjanhe diz que portava toda a documentação necessária para ingressar no país: visto válido por 90 dias, carta-convite da Cúpula dos Povos e comprovante de hospedagem.
Ele afirmou que agentes da Polícia Federal o barraram logo após o desembarque e, sem lhe dar explicações, exigiram que retornasse à África do Sul, de onde embarcara rumo ao Brasil.
Já no voo de regresso, Vunjanhe diz ter recebido seu passaporte de volta com um selo informando que ele consta do Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.
Denúncia
Na Cúpula dos Povos, Vunjanhe pretende expor a atuação da Vale na província moçambicana do Tete, onde a companhia brasileira explora uma das maiores minas de carvão a céu aberto do mundo.
A abertura da mina ocorreu em 2011, após o reassentamento de 1.365 famílias de agricultores. O ativista alega que as famílias foram deslocadas para uma área distante de serviços básicos e mercados, a 40 km do território onde viviam, e que a Vale não tem cumprido o prometido nas negociações.
Em janeiro, em protesto contra as condições, os moradores fecharam a ferrovia pela qual a Vale escoa o carvão até o porto da Beira, no Oceano Índico.