Willian Faulkner era durão. Costumava insistir que as pessoas sempre podem tolerar mais sofrimento estão dispostas. Lamentar jamais. Foi premio Nobel em 1949. Em toda a sua obra descreveu a elite decadente do sul dos EUA depois da guerra secessão. Culpas, desastres financeiros, racismo empedernido, orgulho ferido atormentavam as famílias sulistas muito tempo depois do fim da guerra. Faulkner (nome de família era Falkner – ele introduziu o u para ironizar a pronuncia pedante do sul) tem um texto denso, do qual muitas pessoas queixavam-se. Numa entrevista à Paris Review quando indagado sobre o que fazer para ler seus textos que necessitavam serem lidos duas ou três vezes até ficarem claros, ele respondeu: "que leiam quatro!" Na mesma entrevista o jornalista se referiu a ele como um literato. "Não sou literato. Sou escritor. Um escritor é alguém que para contar uma história é capaz de pisar no pescoço da própria mãe."
Seus romances adquirem uma linguagem especial, embora não seja fácil. As sagas de família como "Sartoris" são um profundo mergulho no que há de universal nas pequenas cidades. Gabriel Garcia Marques atribuiu a ele uma influencia importante na sua própria obra.
Amós Oz escritor israelense tem posições politicas claras sobre o conflito na região. Defende a aceitação do Estado da Palestina e a convivência entre os dois povos, como solução para a paz. Essa posição lhe rende criticas pesadas dentro de Israel. No entanto ele recorre à literatura (mais especificamente à dramaturgia) para enriquecer seus argumentos. Diz que quando duas razões intensas e justas se confrontam você tem um ambiente de tragédia. E você pode terminar uma tragédia à moda de Shakespeare ou à moda de Tchekhov. No caso das tragédias shakespearianas a justiça triunfa sobre um campo de batalha coalhado de corpos e sangue. A justiça impera sobre a morte. No segundo caso, à moda de Tchekhov os dois lados terminam insatisfeitos e infelizes. Mas vivos!
Charles Dickens foi o romancista que descreveu as misérias e desejos escondidos dos pobres ingleses. Órfãos, financistas cruéis, crianças abandonadas à sua própria sorte, heranças inesperadas. Conseguiu o bem almejado por todos os que escrevem: Foi muito lido e chegou a amealhar uma pequena fortuna com sua pena. Há quem diga que na Inglaterra do século XIX em todo lar inglês havia dois livros: uma Biblia e um romance de Dickens. Não é pouco, diga-se de passagem. Foi ele quem trouxe para o romance a vida de seu tempo. Foi ele que escreveu como alguém que levanta o telhado das casas e descreve a vida com suas alegrias e dores dentro dos lares.
Gustave Flaubert, outro gigante da arte romanesca também consegue trazer para suas páginas as engrenagens do seu tempo. Madame Bovary, mulher fútil e ambiciosa é um personagem tão atual que parece uma vizinha de quem sabemos da sua vida. Mas foi em "A educação sentimental" que Flaubert faz a transição para o romance moderno. Fala dos encontros fortuitos, dos conflitos determinados pela proximidade do convívio nas cidades. Se Dickens ilumina a vidas dentro das casas, Flaubert pela primeira vez na história é quem traz a vida (e o romance) para a calçada.