Faleceu em Buenos Aires, em 24 de janeiro de 2024, a senhora Sara Rus. No início da vida, Sara era aluna em uma escola judia e estudava violino. Até que aos 12 anos as forças do Reich chegaram à cidade de Lodz, onde morava. Invadiram a casa. Perguntaram: - Você gosta de tocar violino? Um dos alemães invasores, para mostrar poder, estraçalhou o violino contra a mesa.
Pobre Sara! Ela era só uma criança judia que gostava de tocar violino.
Sua vida foi de sofrimento e de luta. Descanse em paz, Sara.
Em sua homenagem o poeta Daniel Mauricio, que mora em Curitiba, escreveu o poema que está na continuação.
Sara Rus
Schejne Miriam Laskier de Rus,
Mas o mundo a conheceria
Por Sara Rus
Que se fosse cristã,
Diriam que carregou uma pesada cruz
Sem nunca envergar a alma
Mesmo quando perdia a calma
Pois havia nela,
Algo mais do que luz.
Por certo um anjo forte a protegia
Senão como ela sobreviveria
Aos horrores do holocausto
Onde um caminhar em falso
Era motivo para vida perder.
Teve a adolescência roubada
E quando pensava ter as feridas fechadas
Outro golpe tomou.
Da Praça de Maio,
Uma daquelas mães se tornou.
Em Auschwitz
Carregou a estrela de Davi no peito
Sobreviveu à dor e aos maus feitos
Como um crente
Se apegando na fé.
Dona de um sorriso terno
E lágrimas lentas
Contava a sua história inteira e intensa
Pois falar lhe trazia a libertação.
Sonhava em tocar violino
Mas como um sinistro hino
Nunca esqueceu o ruído
Do seu violino sendo esmagado
Por um soldado alemão.
Como “todo dia tem uma vida”
No gueto descobriu o amor
Bernardo, com quem se casaria
E para a Argentina,
O filho Daniel daria
Sem nunca poder uma flor
Em seu túmulo levar.
Ah, Sara!
Quem lhe sara?
A sua memória
Viverá para sempre entre nós.
Daniel Mauricio
Homenagem a Sara Rus, nascida em Lodz - Polônia em 25/01/1927 e falecida em Buenos Aires – Argentina em 24/01/2024.