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Ontem ganhei o dia (Crônica de Marli Boldori)

05 nov 2024 às 17:37

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Marli Andrucho Boldori nasceu em União da Vitória- PR. Graduou-se na FAFI/ UNESPAR, União da Vitória, em Letras Inglês, pós- graduou-se em Produção de Textos, UNESPAR. É membro Academia de Letras do Vale do Iguaçu- ALVI. Membro da Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia-AVIPAF. Escreveu os livros “Pensando a Vida” e 

“A magia do Amor”. Tem diversas participações em livros de Antologias e, em Exposições de Poesia. Assina uma coluna no Jornal Caiçara de União da Vitória desde 2016. Administra o Blog Naco de Prosa.

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Crônica: Ontem ganhei o dia

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Conheci a dona Jandira, uma senhora robusta que trabalha como diarista.

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Ela estava muito exaltada, e contava a sua rotina a uma senhora que estava no ponto de ônibus. Dizia que levantava todos os dias às 5h da manhã, preparava o café para os dois filhos, tomava um gole rapidamente e corria para pegar o ônibus. Ela precisava pegar duas conduções para chegar ao trabalho, às vezes atrasava, pois dependia da vontade do motorista em parar, pois se o carro estava lotado nem fazia questão, aí precisava ficar esperando o próximo, sua patroa não se zangava, pois sabia da situação de sua funcionária.

Naquele finalzinho de tarde, dona Jandira estava se superando na raiva. Disse que saíra um pouco antes porque precisava chegar em casa mais cedo para ir à missa de sétimo dia de sua prima. Zina, que falecera em um acidente, quando estava voltando de bicicleta para casa, e foi jogada longe por um motoqueiro. A história era triste, mas ouvindo-a contar parecia uma narrativa cômica.

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E, bem neste dia a sua condução estava muito atrasada. Ela falava e estava esbaforida, era até engraçado vê-la falando, gesticulando e gritando. Parecia que todos ali, tinham culpa pelo atraso do ônibus.

Ela carregava duas sacolinhas de mercado, uma blusa, uma sombrinha e sua bolsa. Dizia estar cansada por passar todos os dias pela mesma situação, e assim andava de um lado para o outro, abanando as sacolinhas.

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De repente, vi que um ônibus se aproximava e todos que estavam na fila foram em sua direção, foram segundos, e ele se foi, neste instante ela gritou feito doida, falou coisas impróprias para descrevê-las, ela havia ficado falando suas tristezas e não percebeu que sua condução chegara e partira rapidamente.

Ficou transtornada, parecia que o mundo estava desabando, eu de longe observando aquele alvoroço. -Pensei- Tomara que não sobre para mim.

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Quando terminei meu pensamento ela veio, aproximou-se de onde eu estava e lançou suas barbaridades sobre mim. A princípio não disse nada, fingi que estava lendo. Ela mostrava sua falta de educação, e, eu não tinha como retrucá-la. Fiquei sem graça, pois as pessoas que passavam pensavam que ela estava brigando comigo.

Resolvi me afastar e fui a uma lanchonete, que ficava próxima, tomar um suco.

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A fila estava se formando novamente para o próximo ônibus, e ela continuava xingando sem cessar. O pessoal que foi chegando estava meio arredio, pois não entendia o motivo de tanta gritaria.

Dona Jandira sempre foi reclamona, diziam alguns que já a conheciam, mas nesta tarde estava irreconhecível. 

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Começou a falar com todos que estavam na fila, sem receber resposta foi andando até o final da fila e dizia: -Desta vez, ninguém me fará perder o meu ônibus, pois tenho que rezar pela minha prima que morreu, pobre da Zina, e, eu aqui atrasada para a missa.

Todos da fila estavam visivelmente cansados e sequer davam atenção a ela, estavam sim, querendo chegar em casa o mais rápido possível.

O pior que eu observei que ela não estava na fila, e a cada minuto aumentava, todos cuidando do seu lugar para entrar no ônibus.

De repente, ela como se acordasse com a situação da fila, percebeu que não estava em nenhum lugar, sendo assim ela ficaria em último lugar o que provavelmente a faria ter que esperar pelo próximo ônibus, porque com certeza, havia muita gente para embarcar neste.

Ela ficou histérica, andava de frente para trás procurando onde pudesse “furar “a fila, mas ninguém deu abertura para ela.

Fiquei apenas observando, estava curiosa para ver o que ela iria fazer.

Percebi que o ônibus se aproximava e, ela estava fazendo o máximo esforço para embarcar neste.

O ônibus parou e todos foram entrando rapidamente, quando ela viu que a chance de entrar estava acabando, deu um pulo, a porta se fechou, mas coitada, a sua sombrinha ficou imprensada na porta, ela ficou com o cabo nas mãos e o restante ficou para fora. Com o vento ela se abriu como um paraquedas, e todos gritavam:

-Dona, olha a sombrinha!

Marli Boldori

Professora e cronista

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