Araceli Otamendi, poeta e escritora Argentina, nasceu em Quilmes, Provincia de Buenos Aires, mora na Cidade Autônoma de Buenos Aires. Graduado em Análise de Sistemas (Universidade Tecnológica Nacional – Faculdade Regional de Buenos Aires). Ela estudou literatura principalmente na oficina de Mirta Arlt. É escritora e jornalista, fundou e dirigiu continuamente as revistas culturais digitais Archivos del Sur e Barco de papel durante vinte e dois anos.
Araceli publicou os romances policiais Pájaros Sob a Pele e Cerveja – Prêmio Fundação El Libro para Novos Escritores 1994 e Estranhos na Noite de Iemanjá. Em 2000, sua antologia de escritores latino-americanos Imagens de Nova York foi apresentada no Centro Rey Juan Carlos I da NYU, Nova York.
Conto
Peças de Xadrez - por Araceli Otamendi
"....Deus move o jogador, e o jogador a peça..."Jorge Luis Borges
O poeta cego escreve o poema, ele sabe que Deus move o jogador e ele move a peça.(*)
Que jogo de xadrez o ano novo trará? Onde estarão os peões, onde estará a rainha?
As torres? O bispo? Cavalo? Rei? Que jogo a sorte nos reserva? Peças brancas, peças pretas?
O destino sabe – mas não diz nada – Deus sabe.
Quais crianças com máscaras pintadas coloridas aparecem à noite? quem são?
Que lugares inóspitos terei que percorrer mais uma vez? Perambulando, a escuridão encolhe até o limite. Ando por aí, piso em confetes, serpentinas azuis e violetas.
Pedaços de papel úmidos e pisoteados também. Você tem que deixar a água sair, para deixar tudo secar, escorrer, esvaziar, a água sairá algum dia.
A sorte está lançada no tabuleiro de xadrez, as peças se movem incansavelmente.
Por um segundo, elas parecem olhar para mim, sérias, quietas, talvez à espreita.
Será inútil questioná-las, eu não conheço o jogo.
Sozinha, diante do tabuleiro de xadrez, olho as peças cara a cara.
(*) Um verso do poema Xadrez por Jorge Luis Borges
© Araceli Otamendi