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Entrevista com a artista e poeta Vanice Zimerman

30 jun 2024 às 21:50

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- Vanice Zimerman - Fotografia enviada pela autora
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Nossa entrevistada é Vanice Zimerman. Nascida em Curitiba - PR. Formada em Letras Português/Inglês, Escritora e Artista Plástica. Com Poemas e textos em 120 livros - Coletâneas: “Conexão”- Feira do Poeta - 2015 a 2023; Livros de Haicais: (Croácia 2015 a 2024: 23. Samoborski (Darko Plazanin - Samobor Haiku), Kabocha, 2016 (Menção Honrosa); A Lâmpada e as Estrela; Poemas & Imagens - Instituto Memória; Livro de Poesia - Membro da IWA, AVIPAF, APB, CBL e do Grupo O Zen do Haicai. Concursos: Concurso de Haicai de Toledo – Kenzo Takemori -2024. 5º lugar; Grêmio Haicai Chão dos Pinheirais de Irati -2º lugar na Categoria Adulto, âmbito Estadual-2023. Menções Honrosas, de Haicais, no Brasil e Croácia: Afrodita, Anthology-Haiku, Ludbreg-2023. Membro da Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia (AVIPAF).


- Quando começou a escrever Poesia? Quando decidiu ser poeta?

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Comecei a escrever poesias, desde a adolescência, mas a publicação dos meus textos iniciou a partir de 2007, quando cursava a Faculdade de Letras. Escrevo poesias, principalmente, haicai. O meu processo de criação tem muito a ver com a pintura das minhas telas, e de outros pintores e nas fotos que tiro. Sinto uma sintonia das imagens nas telas, ou nas mensagens do dia a dia contidas em folhas, gotas d´água, borboletas, joaninhas, louva-a-deus... E assim escrevo em poesias essas sensações de cores, aromas, contornos, texturas, harmonia entre luz e sombra. Muitas vezes, uma palavra e sua origem inspiram leituras e pesquisa, a partir dessa ideia inicial a palavra se transforma, tendo vida e outros significados e flui de maneira natural. Com o passar do tempo recebi convites: livro individual, antologias, no Brasil e em outros países, e convites para participar de Academias Literárias.

Leia mais:

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Dia da Consciência Negra - Crônica de Flavio Madalosso Vieira Neto

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Amo Joanita (Crônica de Isabel Furini)

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Ontem ganhei o dia (Crônica de Marli Boldori)

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Banco de Primavera - por Vanice Zimerman

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- Quais são as modalidades poéticas que prefere? Soneto, haicai, trova, indriso, balada, versos livres, etc?

Gosto muito das modalidades acima citadas, no entanto, a que mais amo é o haicai. Sinto o haicai como se fosse uma aquarela, pincelada em três versos: é colher uma rosa com o olhar, sem tocá-la.

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No haicai abaixo, Kigo de verão: joaninha.

duas joaninhas

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no grampo de roupas -

fugaz imagem...

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Vanice Zimerman

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- O Haicai como forma poética fixa exige a contagem de sílabas (5-7-5). Na sua opinião o fato de ter que contar sílabas atrapalha a inspiração do momento?

No início do aprendizado contar as sílabas, pode demorar um pouco a escrita do haicai, mas com o passar dos dias e a prática, esta contagem de sílabas passa a fazer parte natural da vida do haicaísta que conta as sílabas em pensamento, no papel ou na ponta dos dedos. Por isso, é bom anotar em uma agenda física e ou no celular os três versos das cenas observadas ou as vivenciadas pelo haijin (haicaísta).

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-Quais são os Concursos de Haicai mais importantes do Brasil?

Entre os Concursos de Haicais mais importantes do Brasil destaco alguns:

Concurso Bunkyo de Haicai

Concurso de Haicai de Toledo – Kenzo Takemori

Grêmio Haicai Chão dos Pinheirais de Irati

Concurso Literário @haikai–brasil.

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- Vanice você é professora e tem interesse em ministrar oficinas de Haicai. Fale sobre esse projeto.

Sim, e quanto a ministrar oficinas de Haicai tenho interesse, às aulas serão realizadas em Escolas da Rede Pública e também em Museus. Com turmas com dez ou até 20 alunos. Gosto de realizar oficinas de Haicai e Aquarela.

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Já organizou os assuntos mais importantes para as oficinas de Haicai? Você pensa que o mais importante para escrever haicai é conhecer a parte técnica? Os Kigos? A história do Haicai?

Nas oficinas de haicai clássico, assim como em minha vida de haicaísta, considero importante conhecer a parte técnica, ler e reler os Kigos, a história do haicai, da Cultura Japonesa, pois diversas palavras em japonês passam a fazer parte do cotidiano do Haijin (haicaísta) e da construção poética dos três versos, que apresentam um total de 17 sílabas (5, 7 e 5) distribuídas no primeiro, segundo e terceiro verso. Costumo dizer que escrever um haicai é colher uma rosa sem tocá-la; a ‘colheita’ é sensorial é um exercício de observação para a vida toda.

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- Que conselho daria aos novos haicaístas?

Aos novos haicaísta, minha sugestão é que estudem a origem do haicai, lendo textos sobre a história do haicai (Matsuo Bashô), e ainda, de escritores brasileiros. Também indico a leitura do Kigo (termos das Estações do Ano, relacionados a flora, fauna, clima, geografia, festas populares...). A cada dia a aprendizagem, a leitura e escrita, combinados com revisões, desse especial poema japonês desenvolve um olhar mais atento sobre a natureza, sobre as pessoas; e as transformações, que acontecem a cada pôr do sol, amanhecer, sol, chuva, o canto dos pássaros e também do silenciar de uma folha recém caída na calçada. E assim é estabelecido um vínculo entre as cenas e imagens simples do dia a dia com a escrita do haicai. A convivência com os Kigos, incentiva um olhar mais atenta também sobre as festas populares do nosso país.

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- Nesta época de correria e estresse, as pessoas não tem muito tempo, nem paciência para leituras longas… Você considera que o haicai, por ser sintético, é mais lido que poemas longos?

Penso que as leituras longas são importantes, livros impressos ou online, mas o haicai tem um ótimo número de leituras e comentários, nas redes sociais e em sites literários pela qualidade do que é escrito em seus três versos; por ser um poema curto, mas que inspira reflexões sobre o tema, kigo, e também a sensação do leitor se sentir um observador da vivência escrita. E ao trabalhar o verbo, de preferência, no tempo presente as sensações passam a ser mais vivas, como se estivessem acontecendo na hora da leitura.

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- Dos mestres de haicai, sejam do Japão ou do Brasil, tem algum com o qual você se identifica?

Quanto aos mestres têm alguns que admiro, em especial Matsuo Bashô (Japão); no Brasil, Helena Kolody, Teruko Oda, Benedita Silva de Azevedo, Carlos Martins que disponibiliza, excelentes textos em PDF e exercícios, em seu Grupo O Zen do Haicai, no Facebook.

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Fale de seus projetos para 2024.

Entre meus projetos para este ano farei a publicação de um livro de Haicai, Haibun e Tanka, e voltar as ministrar as Oficinas de Haicai e Aquarela.


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