Como é que se faz um perfil?
Como preencher uma página inteira a partir de perguntas para uma única pessoa?
Como extrair, de um indivíduo, conteúdo capaz de interessar o leitor desde o início e mantê-lo preso ao texto?
Não sei a fórmula exata, isso não aprendi na faculdade. Aprendi meu jeito de fazer, na prática.
No meu caso, somo a técnica jornalística – adquirida as custas de muito batucar em máquinas de escrever e teclados de computador - ao meu interesse natural por gente. Penso que cada pessoa é um universo.
Adiciono uma pitada da sensibilidade para enxergar a persona das pessoas - tanto a pública, que elas exibem, quanto a oculta, aquele lado B que todo mundo tem.
Lado B que não significa necessariamente o ruim ou o desagradável (a menos que se queira espremer do perfilado confissões sobre obscuridades, revelações espinhosas, declarações bombásticas etc).
É que muitas vezes o entrevistado julga interessante falar de um determinado aspecto de sua vida - trabalho, família, realizações. Mas cabe ao entrevistador farejar detalhes, catar histórias que estavam ocultas ou esquecidas. Mas que se revelam por inteiro depois que a pessoa, meio sem querer, querendo, mostra um pedacinho delas.
A gente faz papel, meio, de psicoterapeuta: provoca, solta a corda, deixa rolar. Difícil o sujeito que não goste de falar de si mesmo.