A sífilis foi considerada um estigma na Idade Média, porque, assim como a Aids, não havia tratamento para a doença, e seus portadores eram discriminados pela sociedade e condenados à própria sorte.
A sífilis nunca foi isolada em cultura, é descrita há mais de 100 anos e tratada desde 1943 com a penicilina. Apesar de ter tratamento eficaz e de baixo custo, a doença se mantém como um problema de saúde pública até hoje.
Com a liberdade sexual a partir da década de 60, houve um recrudescimento da sífilis em todo o mundo. A partir de 1970, com o surgimento da Aids, houve a sua valorização, pois a úlcera genital é um fator facilitador na transmissão do vírus HIV. Depois da Aids, a sífilis é a doença sexualmente transmissível mais perigosa.
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É uma doença infecciosa causada por uma bactéria (Treponema pallidum) que acomete todo o organismo, evolui de forma lenta, tendo períodos agudos e outros de latência. É transmitida por relação sexual, transfusão de sangue contaminado e de forma congênita (de mãe para filho).
A sífilis primária ou cancro duro aparece como uma ferida limpa (95% nos genitais) que não dói, não apresenta pus, não sangra, porém, é muito contagiosa. Surge em média 21 dias após o contágio. A ferida desaparece sozinha depois de aproximadamente dez dias, e isso significa que a doença passou para o sangue. Depois de seis a oito semanas, aparecem manchas avermelhadas em toda a pele, principalmente na palma da mão, quedas de cabelo, dores articulares (sífilis secundária).
Na gravidez, a infecção do embrião pode ocorrer em qualquer fase da gestação, sendo de 70% a 100% o risco de transmissão na fase inicial da sífilis. A contaminação do feto pode provocar abortamento, óbito fetal e morte neonatal em 40% dos conceptos, ou o nascimento de crianças com sífilis, com ou sem sintomas. Entre as malformações ocorrem a cegueira, problemas ósseos, retardamento mental, pneumonia e feridas no corpo.
Pacientes HIV positivo com sífilis recente podem estar sob maior risco de apresentar complicações neurológicas.
Mitos e Verdades
- Mito: a sífilis é uma doença do passado.
- Verdade: a sífilis é uma doença exclusivamente humana, prova de promiscuidade e fator de risco para a transmissão de HIV.
Maurilio Jorge Maina, ginecologista e especialista em terapia sexual