A gravidez não confere à mulher e ao seu bebê nenhuma proteção especial em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A gestação naturalmente diminui os mecanismos de defesa do organismo, deixando a mulher ainda mais suscetível às infecções. Os cuidados em relação a uma possível contaminação por alguma DST devem ser redobrados, pois além de se preocupar com a sua proteção, a mulher grávida deve proteger o seu bebê. Muitas DST's são silenciosas, ou seja, não apresentam sinais ou sintomas e, por isso, a necessidade de um bom acompanhamento pré-natal.
Uma gestante com DST pode apresentar consequências tanto para a gestação em andamento quanto para a sua saúde futura, dentre elas, o parto prematuro, a ruptura prematura da bolsa, doença inflamatória pélvica, hepatite crônica, câncer do uterino, infertilidade etc.
O feto, por sua vez, pode ser contaminado antes, durante ou após o nascimento. O vírus HIV e o treponema (agente da sífilis), por exemplo, podem infectar o feto ainda no interior do útero, em razão da sua capacidade de atravessar a placenta. Outras DST's como a gonorréia, clamídia, herpes e HPV podem ser transmitidas para o bebê no momento de sua passagem pelo canal do parto. O vírus HIV pode ainda ser transmitido ao bebê após o parto, através da amamentação.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Algumas doenças podem ser evitadas se a mãe fizer um acompanhamento pré-natal de rotina, o qual deve incluir exames para detecção de DST's no início da gravidez e, se necessário, repeti-los próximo ao parto.
A maneira mais segura da gestante evitar o contágio de uma DST é ter uma relação duradoura, mutuamente monogâmica, com parceiro comprovadamente sadio. O uso de preservativos é muito eficaz na prevenção das DST's.
Em 2006, foi aprovada a utilização da vacina contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres de nove a 26 anos ainda não infectadas. Esta vacina confere proteção contra os vírus citados acima, os quais são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero (tipos 16 e 18) e 90% dos casos de verrugas (condilomas) genitais (tipos 6 e 11).
A administração de drogas em paciente com HIV somados à inibição da amamentação materna reduziram significativamente a transmissão do HIV, com a consequente diminuição da incidência de Aids em recém-nascidos.
Priscila Garcia Figueiredo, ginecologista e obstetra, doutora em doenças relacionadas ao HPV