Normal, natural, humanizado ou cesárea?; Especialistas tiram todas as suas dúvidas sobre a hora H: o nascimento do seu filho do início das contrações aos cuidados no pós-parto.
1.Quais exames devo fazer antes do parto?
Além dos exames normais do pré-natal, é preciso fazer a cultura de secreção vaginal para pesquisar a presença do Streptococo agalactie. Trata-se de uma bactéria que coloniza os tratos intestinal e genito-urinário, que pode contaminar o bebê na hora do parto normal, levando a quadros graves, como pneumonia, meningite e até septicemia.
2. É mesmo necessário fazer a tricotomia, o corte dos pelos pubianos?
Muitos especialistas defendem que os pelos pubianos garantem maior proteção e a retirada deles pode até dificultar a cicatrização no caso de infecções. Por isso, a tricotomia não deve ser adotada como procedimento de rotina e pode ser considerada um tipo de violência obstétrica.
3. E a lavagem intestinal?
Há duas posturas. No parto normal, alguns médicos consideram o procedimento necessário porque ao passar pelo assoalho pélvico, no final do canal de parto, o bebê espreme o reto e, se houver grande quantidade de fezes, elas serão expelidas no momento da expulsão do bebê, podendo contaminá-lo.
No entanto, outros obstetras, defensores do parto natural, acham que a lavagem é absolutamente desnecessária e alegam que a própria Organização Mundial da Saúde - OMS cita essa rotina como um dos fatores capazes de atrapalhar o trabalho de parto.
Segundo Andréa Campos, ginecologista e obstetra da Casa Materna (Gama, Grupo de apoio à Maternidade Ativa), não há nenhum problema se a mulher evacua na hora do nascimento. Para o obstetra Thomaz Rafael Gollop, do Hospital Israelita Albert Einstein, a lavagem intestinal não é mais exigida nem mesmo no parto cesariano.
4. A episiotomia, aquele corte cirúrgico no períneo, é obrigatória?
Realizar a episiotomia como um procedimento de rotina em um parto normal, especialmente sem o consentimento da mulher, é considerado um tipo de violência obstétrica.
Afinal, o método pode levar a complicações como infecção, hematoma, rotura do períneo, entre outras. "O ideal é que o parto seja o mais natural possível, mas há momentos em que a pratica é necessária para evitar uma laceração", afirma a ginecologista e obstetra Ione Rodrigues Brum, vice-presidente da Comissão de parto, abortamento e puerpério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Portanto, apenas em casos em que há risco de lacerações na mãe, a episiotomia pode ser indicada para não causar danos em nervos e abreviar o parto em algumas circunstâncias. "A episiotomia preserva os músculos da região perineal, evitando problemas futuros", diz a ginecologista e obstetra Lúcia Hime.
"O procedimento funciona bem quando há necessidade de urgência no nascimento", exemplifica Andrea Campos, ginecologista e obstetra da Casa Materna (Gama, Grupo de apoio à Maternidade Ativa).
5. Em quais casos se usa o fórceps?
Até hoje, quando há uma demora na expulsão da cabeça, o médico lança mão de instrumentos para ajudar a saída do bebê. São os chamados fórceps baixos, ou de alívio, só para que a criança não fique muito tempo no canal vaginal, podendo apresentar problemas de oxigenação. Já os fórceps ditos altos, em que o médico puxa o bebê lá de cima, tendem a desaparecer porque são extremamente agressivos – não raro, causam lesões neurológicas no bebê e lacerações na mãe.
6. Por que o cordão umbilical no pescoço preocupa tanto se o oxigênio não passa pelo pescoço do bebê?
Essa preocupação é mais comum entre as futuras mamães do que entre os médicos. Isso porque a circular cervical de cordão (em volta do pescoço) ocorre em 25 a 30% dos fetos no nascimento e, normalmente, não causa nenhum malefício, nem mesmo no parto normal.
"A maioria dos estudos apontam que a presença de circular de cordão não está relacionada com piora do prognóstico fetal, não havendo necessidade de mudar a conduta obstétrica", esclarece a Dra. Jacqueline Leme Lunardelli, ginecologista e obstetra, com Mestrado em Tocoginecologia no curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
7. Quando se recomenda fazer uma indução do parto?
Ela pode ser indicada em várias situações. A mais comum é quando a data provável do nascimento ultrapassou os 15 dias de tolerância. Mas ela só poderá ser iniciada se o colo estiver favorável.
A indução também pode ser feita para abreviar a gestação em função de possíveis riscos à mãe e ao bebê, incluindo doenças como a hipertensão e o diabete. Seja qual for o motivo, para induzir ao parto o médico lança mão de drogas capazes de provocar contrações do útero e a dilatação do colo.
E elas não são livres de riscos: a intensidade e a frequência das contrações podem ser maior do que o necessário, causando hemorragias e sofrimento fetal. Quando isso acontece, a única saída é realizar uma cesárea de emergência.
8. Quais são os sinais do trabalho de parto?
São muitos e variam de mulher para mulher. Podem começar com dores na região lombar que se irradiam para o abdômen, deixando a barriga dura mais ou menos a cada meia hora – são as famosas contrações. Calma! O simples surgimento delas não significa que chegou a grande hora. É preciso que a mulher sinta duas contrações de 40 segundos a um minuto e meio no período de dez minutos para se ter a certeza de que o parto está mesmo para acontecer.
Em outras mulheres, porém, o trabalho de parto se anuncia com um discreto sangramento genital ou ainda com a rotura da bolsa, derramando todo o líquido de seu interior. Outro sinal importante é a dilatação do colo uterino acima de 2 centímetros, mas isso só o médico pode observar.
9. O que fazer se a bolsa rompe?
Avise seu médico. Não é preciso sair voando nem se desesperar se o líquido for claro. O bebê não vai escorregar! Mas, se o fluido estiver escuro, corra para o hospital. A coloração escurecida indica a presença de mecônio, como os médicos chamam as primeiras fezes do bebê – e, se ele defecou na barriga, é sinal de que está sofrendo.
10. Como identificar se a bolsa está fissurada? Quais as características do líquido?
A rotura da bolsa normalmente leva à perda de uma grande quantidade de líquido que é claro e tem um cheiro que lembra o de água sanitária (se estiver escuro, pode sinalizar a presença de mecônio, as fezes do bebê).
Quando acontece apenas uma fissura, sai um pouquinho de fluido, que parece um corrimento. Aliás, fissuras assim são relativamente raras e não trazem grandes problemas nem para mãe nem para o bebê.
12. Quanto tempo dura o trabalho de parto? Há um limite razoável?
Nas grávidas de primeira viagem, ele costuma durar entre oito e 12 horas. Em geral, após 12 horas de trabalho de parto, é preciso avaliar cuidadosamente as condições da mãe e do bebê para verificar se é possível continuar esperando.
"Não há limite, mas existe prudência", frisa a ginecologista Lúcia Hime. É necessário que, durante todo o tempo, mãe e filho estejam bem. De qualquer modo, essa duração tende a diminuir nos partos seguintes. No segundo filho, por exemplo, costuma variar de quatro a seis horas, e no terceiro, de duas a três.
13. Como diferenciar uma contração verdadeira de uma falsa?
As contrações que sinalizam o início do trabalho de parto se repetem com frequência geralmente sincrônica, regular – por exemplo a cada 30 minutos, a cada dez, a cada cinco.... Além disso, na medida em que o tempo passa, o intervalo entre elas sempre diminui e elas vão se tornando mais intensas e doloridas.
As dores começam no fundo do útero e se espalham sempre para baixo, no sentido barriga, região lombar e pelve. Já as falsas contrações podem ser doloridas, mas não têm regularidade nos intervalos. Não ficam necessariamente mais fortes na medida em que o tempo passa e sua dor se espalha em qualquer direção, em vez de seguir a rota da barriga para a região lombar e da região lombar para a pelve.
14. Exercícios, como a caminhada, favorecem a dilatação?
Eles não ajudam a abertura do colo, mas favorecem a descida do bebê. Por isso, muitas vezes a grávida é estimulada a caminhar durante o próprio trabalho de parto.
15. O que fazer na hora das contrações para aliviar a dor?
Massagens, principalmente na região lombar, banhos de água morna e permanecer sentada sobre aquelas bolas grandes de fisioterapia. Tudo isso gera relaxamento e diminui o tormento.
16. Há como se preparar durante a gravidez para facilitar o trabalho de parto?
Os exercícios físicos, bem como os respiratórios, ajudam a mulher a chegar ao momento do nascimento com um condicionamento mais adequado. O pilates, por exemplo, fortalece a musculatura abdominal e isso ajuda. Na hora do parto, um abdômen mais forte facilita a descida do bebê pelo canal vaginal.
(Com informações Mdemulher)