Os homens não costumam comentar com outros homens que acham que tem o pênis pequeno, por vergonha de se expor. Perceber-se com pênis pequeno é o primeiro fundamento para sentir-se menos homem. Assim, falar aos outros homens sobre isso implica em mostrar-se menos homem e perder por exemplo o lugar no clube.
Se os homens conversassem entre si sobre o tamanho do pênis não diminuíriam as preocupações que tem. Estas preocupações são fruto de perturbações individuais que utilizam o discurso externo para se fundamentar. A preocupação excessiva com o que quer que seja constitui o problema, não o assunto do problema.
O mecanismo psicológico que produz as distorções é que deve ser erradicado. Considerar que um pênis maior solucionará suas dificuldades é o problema. Mesmo quando homens passam por cirurgias tentando aumento peniano continuam insatisfeitos.
Além do mais, a justificativa de alguns médicos para tentar aumentar o pênis é justamente para que estes homens se sintam bem, não para satisfazer outras pessoas. E mesmo assim continuam insatisfeitos.
Uma forma mitificada que acontece em nossa cultura é a associação de pênis grandes com outras partes corporais perceptíveis: nariz, mão, pé. Nenhum estudo conseguiu demonstrar relação entre o tamanho de outra parte do corpo com o tamanho do pênis. Então é mentira que o homem que tem nariz grande também terá o pênis grande, ou é mentira que homens de pés grandes tenham pênis maiores.
Um pênis em estado flácido não tem relação com um pênis maior em estado de rigidez. Muitos pênis flácidos menores ficam muito maiores e pênis flácidos grandes não aumentam muito de tamanho quando eretos.
Então o que fazer se esta preocupação existe e se expressa? Compreender-se melhor é o caminho. Se existe sofrimento, primeiramente significa que a pessoa pensa de forma errada e não consegue sair da condição de ansiedade provocada por este tema. Ela precisa aprender a compreender como esta produzindo esta ansiedade, esta preocupação.
Talvez o caminho da psicoterapia seja o único que permite uma modificação e leve os homens a viver uma vida sexualmente plena, sem que sua atenção seja limitada por discussões internas sobre o tamanho do pênis e como isso daria mais prazer caso fosse maior.
Viver o presente real, e com prazer, parece ser muito, muito mais sensato.
Oswaldo M. Rodrigues Jr. - psicoterapeuta social - Diretor do Instituto Paulista de Sexualidade