Muitos têm a impressão de que nos últimos anos mais homens adultos e casados saem do armário e assumem uma homossexualidade, e por isso deixam suas esposas e filhos.
Verdade, mas nem tanto. Muitas mulheres se preocupam mostrando reações que nem sempre são as mesmas para o gênero feminino frente a esta situação. As reações emocionais e sociais serão diferentes de acordo com grupos sociais e culturais (relacionados a educação formal) e de acordo com características de personalidade.
As pessoas que conseguem administrar mais as frustrações são as que menos aparentarão ''reações'', que se mostram através de mecanismos depressivos ou de ansiedade. Nesta última forma teremos a ansiedade como emoção expressa e a hostilidade, elemento mais destrutivo que se voltará mais visível para as pessoas à volta.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Nas famílias com educação formal maior e que sempre exigiram maior cumprimento de regras e leis, as reações serão mais parecidas e menos externas, aparentando serem escondidas do resto do mundo.
As trocas de um casamento para um relacionamento homossexual masculino podem ser mais aparentes neste século XXI pela compreensão de que são relacionamentos que podem acontecer neste momento social e histórico.
Mas isto também ocorre porque ainda não se reconhece a orientação sexual bissexual como natural e normal. Se a bissexualidade fosse bem tolerada, provavelmente teríamos casais que administrariam melhor o marido tendo um relacionamento masculino em paralelo.
Então, atualmente temos muitos bissexuais que vão ''assumir-se'' homossexuais por não serem aceitos pelos heterossexuais (neste caso as mulheres) e não são aceitos pelos homossexuais, qua ainda usarão o discurso de que eles ainda não se resolveram, mas que sairão do armário e de cima do muro em algum momento futuro. E não é bem assim, bissexuais são bissexuais, não estão em cima do muro. Mas nossa cultura não consegue administrar esta preferência sexual.
Mas uma pergunta sempre sobra nestas horas: como lidar com uma situação destas?
Os relacionamentos afetivos são pautados por acordos entre as duas pessoas. Geralmente as duas pessoas envolvidas não conversaram o suficiente entre si para saberem, de fato, o que estão esperando e quais são, de fato, as necessidades que ambos tem e que precisam ser satisfeitas pelo relacionamento. Assim, frente a um problema, o casal também não desenvolveu uma forma de solucionar a situação de modo satisfatório para ambos.
Mas alguns casais já tem os mecanismos mais ou menos preparados. Duas saídas têm sido comuns. A primeira é a separação, e um dos dois precisa assumir a culpa para que ofereçam as explicações para familiares e amigos. Se a mulher for considerada a parte fraca do casal, culpar o marido ''homossexual'' parecerá ser a forma mais fácil de se explicar o fim do relacionamento, em especial se não existirem filhos.
A outra forma, muito comum, é do casal se manter, e mesmo que nenhum dos dois reconheça o homem como bissexual, assim ele poderá viver.
Oswaldo M Rodrigues Júnior - psicólogo e terapeuta sexual