A vasectomia é um método contraceptivo simples, eficaz e muito utilizado no mundo inteiro. Anualmente, cerca de 500 mil homens de várias partes do mundo optam pela vasectomia para não ter mais filhos. Entretanto, entre 25 mil e 50 mil mudam de ideia depois, devido às circunstâncias – como um novo casamento, por exemplo.
Embora acreditem que, assim como a laqueadura (ligadura das trompas), o procedimento é definitivo, grande parte deles tem uma nova chance ao procurar ajuda especializada. "Quando bem indicada, é possível realizar a vasovasostomia, que é a reversão da vasectomia. Trata-se de um procedimento muito utilizado para restaurar a fertilidade masculina", diz especialista em Medicina Reprodutiva Aguinaldo Nardi, do Fertility Medical Group.
Nardi afirma que o procedimento implica na reconexão dos ductos deferentes de cada um dos testículos que foram bloqueados. Quanto mais cedo o paciente se arrepender, maiores serão as chances de conseguir engravidar a parceira. "Quando a vasovasostomia acontece até três anos depois de realizada a vasectomia, as chances de sucesso são de 97%. Já quem resolveu reverter dez anos depois, o procedimento é bem-sucedido em 79% dos casos. Ou seja, oito em cada dez homens conseguem voltar atrás".
O médico chama atenção que nem sempre o esforço vale a pena, porque vai depender também da idade da parceira. "Como a fertilidade feminina sofre uma queda relevante depois dos 35 anos, é importante avaliar as chances reais desse casal ter um bebê de forma natural, ou seja, com tentativas regulares durante um ano. Em geral, a vasovasostomia consegue restaurar a produção de espermatozoides em 90% dos casos, com taxas de gravidez de até 60%. Mas em determinadas situações, o mais indicado é recorrer à fertilização in vitro, com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI)".
Na opinião do especialista, embora a vasectomia seja uma forma de esterilização masculina muito simples e segura para homens que não desejam mais ter filhos, essa decisão tem de ser muito bem pensada, já que, estatisticamente, está aumentando o número de divórcios e de novos enlaces. "Diante desse padrão de comportamento, o ideal seria – tanto para o homem, quanto para a mulher – optar pela criopreservação de espermatozoides e óvulos, respectivamente. Assim, embora não queiram ter mais filhos na situação presente, qualquer mudança de planos no futuro estará garantida pela ciência".