A incontinência urinária de esforço feminina é um distúrbio com sérias repercussões à qualidade de vida da mulher, modificando-a nos aspectos sociais, sexuais e emocionais. Inúmeros são os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento da incontinência urinária, em que se destacam a idade, etnia, paridade, tipo de parto, obesidade, cirurgias ginecológicas e estado hormonal.
Muitas pessoas questionam se a retirada do útero também facilita a incontinência urinária ou a perda do desejo sexual. No entanto, os ginecologistas conhecem melhor sobre o assunto, e como qualquer tratamento médico, esta cirurgia oferece riscos e benefícios. Portanto, se o ginecologista a indicou é porque existem muito mais benefícios do que riscos na realização do procedimento.
A histerectomia (retirada do útero) ou as cirurgias de correção da incontinência urinária não atrapalharão a sexualidade da mulher. Pelo contrário, existe uma série de pesquisas demonstrando uma melhora importante na auto-estima feminina após essas cirurgias.
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Entretanto, um recente estudo destaca a histerectomia como um fator de risco para a incontinência urinária aos esforços. O procedimento, utilizado em casos de doenças benignas, mais do que dobra o risco de a paciente precisar de uma cirurgia para incontinência urinária. Conforme o artigo publicado na revista médica ''The Lancet'', este aumento de risco ocorre e independe da técnica cirúrgica usada.
Aproximadamente uma em cada cinco britânicas se submete a uma histerectomia antes dos 55 anos, em busca de cura para as hemorragias menstruais regulares, prolapso uterino ou de hemorragias pós-menopáusicas.
Nesta pesquisa, entre 1973 e 2003, médicos da Universidade de Estocolmo estudaram 165.260 mulheres que tinham se submetido à histerectomia, e um outro grupo de 479.506 que não tinham sofrido a cirurgia. Eles observaram que maior risco ocorre após cinco anos de realizada a cirurgia quando as pacientes do primeiro grupo (retirada do útero) têm 2,7 vezes mais chances de necessitar de uma intervenção por incontinência urinária que as do outro grupo.
A histerectomia poderia interferir, segundo eles, no mecanismo de ligamentos e músculos da região do períneo, causando alterações do suporte da uretra e da bexiga, e consequente mau funcionamento do esfíncter urinário, músculo que impede a perda de urina.
Como na maioria das pesquisas médicas, algumas críticas podem ser feitas ao estudo, porém estas conclusões reafirmam a teoria de que o períneo feminino necessita de um equilíbrio das forças de músculo e ligamentos para que não ocorram quedas dos órgãos e incontinência urinária ou fecal.
Assim, minha resposta continua a mesma: confiem em seus médicos ginecologistas.
Mitos e Verdades
- Verdade: a incontinência urinária feminina é multifatorial e a retirada do útero é um dos fatores de predisposição.
- Mito: a retirada do útero não deve ser realizada pelo risco de incontinência urinária pós-operatória.
Silvio H. M. de Almeida, urologista