Um caso que ficou muito conhecido, publicado em um jornal português, o Portugal Diário, foi sobre os problemas sexuais enfrentados por trabalhadores migrantes chineses. Segundo o jornal, a TV Central da China revelou o uso de representações eróticas em uma localidade chamada Wen Quan (Fonte Quente). Essa localidade tem uma economia forte graças aos negócios criados por causa das águas termais.
A tradição popular local promove funerais quando um ancião morre, em que não podem faltar música e encenações de ópera. Algumas companhias artísticas, para atrair mais público, começaram a oferecer shows eróticos, com piadas picantes e até strip-tease.
Esses espetáculos começaram a atrair aos funerais centenas de trabalhadores migrantes. Afastados de casa há muito tempo, marcados pela frustração sexual, esses operários iam aos funerais em busca de satisfação gratuita.
A situação trouxe uma discussão na China sobre as necessidades de 140 milhões de trabalhadores migrantes rurais que agora vivem nas cidades, em condições precárias, com regimes de trabalho exaustivos, afastados da família e sem tempo para satisfazer seus desejos sexuais. Um estudo do governo chinês mostrou que 88% desses trabalhadores sofrem de depressão sexual.
É cada vez mais comum pessoas que procuram trabalho ou melhores condições de vida em outro país. No Brasil, o fenômeno mais conhecido é o dos descendentes de japoneses que vão ao Japão em busca de salários melhores. Esta situação tem provocado sérios problemas para as famílias. Sozinhos, num lugar distante, sem amigos, enfrentando dificuldades com a língua, cumprindo jornadas de trabalho extenuantes, muitos acabam procurando uma forma de realizar seus desejos sexuais, nem sempre de maneira saudável.
É sempre bom lembrar que é muito mais difícil reverter uma decepção, uma mágoa. Um velho ditado diz que quando você demora muito a visitar um amigo, o mato toma conta do caminho.
Márcio Dantas de Menezes - médico, palestrante e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual