A relação fraterna é um treino que prepara as crianças para conviver bem com as diferenças. A convivência com os irmãos pode despertar um sentimento de amor-ódio. Pode ser harmoniosa, de proteção e grande cumplicidade. Como também pode ter momentos de disputa pelo amor dos pais e por tantas outras coisas, como no caso de gêmeos, que desde o útero materno já aprendem a dividir o mesmo espaço.
Na relação com os irmãos se aprende a dizer sim e não, a permitir e a colocar limites, a abraçar e a apanhar. Se aprende a pedir, a dar e receber. Entre tantas outras competências. É o lugar onde se experimenta rivalidade, hostilidade, ciúme e inveja.
Todas estas emoções, sem dúvida, se bem trabalhadas pelos pais, podem preparar a criança a lidar bem na fase adulta com todos os tipos de relacionamento. Com o filho único suas relações geralmente são mais com os adultos para só depois na escola conviverem com crianças da mesma idade. Há uma tendência para a super-proteção.
Cada filho vem num momento único. Consideramos que a relação do casal está de uma determinada forma em cada etapa da vida, a situação financeira pode estar melhor ou pior, a saúde física e emocional do casal, dos seus outros filhos. Se ele vem num momento planejado pelos pais, se ele vem de surpresa enfim tudo isso é a base da construção da relação que o pai e a mãe estabelecerá com cada filho.
O amor, podemos entender que pode ser o mesmo, mas a forma como ele se manifesta é única. Os pais podem se identificar mais com um filho do que com o outro, por todas estas questões levantadas e pelo temperamento de cada um. Dessa forma é muito difícil esperarmos que os pais irão se comportar da mesma forma com todos. Mas o que é essencial é que cada filho seja amado, valorizado, respeitado e aceito por seus pais.
O filho precisa se sentir visto pelos seus pais. É a partir do que ele experimenta nestas relações que se fundamentará o funcionamento dele nas outras relações durante a vida. Amar é tão importante quanto colocar limites. Dizer ''não'' significar preparar seu filho para o futuro. Ele desenvolverá competências para sobreviver às frustrações, se lançar aos desafios, superar as adversidades se os pais não derem tudo para eles. Ensinar a pescar continua sendo muito melhor do que dar o peixe pronto.
Quando os filhos são reconhecidos e têm o exemplo dos pais se tornam mais cooperativos e afetuosos. Ponderar as brigas e divergências entre os filhos, evitando punir de forma tendenciosa, mas sempre verificar o que aconteceu. Incentivar sempre o perdão pela atitude quer seja intencional ou casual e desculpar-se pelo comportamento, isto serve para os pais também, quando fazem avaliações ou punições injustas. Escolher alguns brinquedos aonde todos os filhos possam participar, assim desenvolvem um senso de igualdade e de suas diferenças e preferênciais individuais.
Margareth Alves - psicóloga e terapeuta familiar (Londrina)