A raiva é uma emoção natural que todos nós já sentimos um dia. É difícil lidar com moderação quando se trata desse sentimento. Muitas vezes manifestamos nossa raiva de um modo inadequado, censurando, negando e reprimindo, deixando com que ela se acumule, até que ocorra a explosão.
A raiva reprimida se transforma em um assunto inacabado com questões mal resolvidas. Não lidar com ela resulta em um crescimento desse sentimento e, consequentemente, em uma explosão no lugar errado e por um motivo desproporcional a que a causou. Entretanto, o ser humano precisa aprender a expressar sua raiva de uma maneira saudável, pois pode ser muito útil no lugar e hora certa, na proporção adequada.
Comumente, a raiva nos remete a três emoções subjacentes: o medo, a mágoa e frustração. A falta de perdão revela muitas vezes a presença de raiva acumulada. Esse sentimento pode nos mostrar que não estamos lidando com a nossa mágoa, e sim a acumulando. O medo também pode se revelar na forma de raiva, caso não estejamos em contato com ele.
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Para o ser humano é mais fácil sentir raiva do que admitir para si mesmo e para os outros que tem medo de algo. Ao direcionarmos a raiva para o nosso interior, ela frequentemente se expressa através de sentimentos de culpa, depressão, angústia, doenças psicossomáticas, distorcendo nosso entendimento da realidade, criando nossos piores fantasmas. Desta forma, se não lidarmos com a raiva acumulada, ela prejudicará nossos relacionamentos interpessoais e nosso relacionamento conosco mesmo.
A raiva é um sentimento que deve ser vivenciado e não julgado. É uma forma de comunicação que nos traz uma mensagem indicando quando estamos feridos e quando nossas necessidades não são atendidas, sendo, desta forma, um importante sistema de aviso do nosso corpo. É um sentimento que deve ser direcionado para solucionar problemas, nos impelindo à ação. A raiva, desde que não seja inadequada, violenta ou abusiva, pode ser uma reação saudável.
Devemos entrar em contato com os nossos sentimentos para compreendê-los e controlá-los, antes que nos dominem e percamos o controle de nossas ações. Assim, reconhecendo e aceitando a nossa raiva com naturalidade aprenderemos a lidar com ela e utilizá-la positivamente.
Ana Paula Henriques - psicóloga clínica (Londrina)