Afinal, o que é preferível? Uma pessoa sensual ou erótica? Num primeiro momento, a linha que separa as duas definições pode parecer tênue e, às vezes, até se confunde. Mas não deveria. Uma colega diz que prefere a sensualidade à erotização e explica de forma categórica que neste segundo caso as pessoas ficam expostas como um pedaço de carne.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das gestações é indesejada e uma a cada nove mulheres recorre ao aborto. No Brasil, os cálculos mostram que o índice de abortamento é de 31%. Ou seja, ocorrem aproximadamente 1,4 milhão de abortos espontâneos e inseguros, com taxa de 3,7 para cada 100 mulheres.
A pesquisadora Celuy Damásio vê na banalização do sexo na mídia um possível elemento deformador da personalidade do adolescente. Ela aponta para o risco de a juventude desenvolver a sexualidade dissociada de conceitos como amor, carinho e afetividade.
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Apelar para a erotização não é o melhor caminho. Quem faz isso corre o risco de se tornar vulgar, ou, como diz a minha colega, pode se transformar em um pedaço de carne na vitrine para quem quiser levar.
A sensualidade, por sua vez, não é algo explícito e nada tem a ver com beleza física ou idade. Muitas pessoas, mesmo não sendo enquadradas nos padrões de beleza da mídia, exalam sensualidade. A sensualidade é um estado de espírito.
Ela é mais positiva e faz parte do jogo de sedução entre os casais. Um olhar, um gesto, uma palavra, uma atitude de carinho, o modo de andar, de agir, valem mais do que uma cinta-liga, uma jaqueta de couro.
A sensualidade do olhar, o mais doce e penetrante, exprime o que é mais profundo. Toda pessoa tem seu encanto, sua sensualidade e pode e deve usá-la no jogo da sedução, para apimentar e melhorar a vida sexual.
Márcio Dantas de Menezes é médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual