De maneira geral, quando pensamos em resposta sexual humana, consideramos que o desejo é o primeiro passo para que a prática sexual aconteça de modo satisfatório. A inibição do desejo sexual no período pós-parto tem levado uma parcela considerável de mulheres e casais a investigar sua origem e a buscar tratamento em consultórios de psicoterapia sexual.Sem desejo, dificilmente há atividade sexual com possibilidade de prazer. É o desejo que nos impulsiona a buscar a excitação, o orgasmo e a resolução sexual. Sem ele, o homem e a mulher não se sentem disponíveis para o sexo.
Várias são as causas que explicam a falta do desejo sexual e estas são essencialmente individuais, pois é a história de vida de cada um que modela seu comportamento sexual no presente. No entanto, quando focamos no período pós-parto, percebemos que a sexualidade da mulher, em especial, pode ser fortemente influenciada pelo contexto cultural em que ela se insere, sua experiência antes e durante a gravidez, sua fisiologia e suas emoções. Assim, causas específicas para a falta de desejo sexual incluem desde alterações orgânicas e fisiológicas no corpo da mãe, até mudanças psicoemocionais decorrentes da chegada do bebê.
As alterações de desejo sexual no período pós-parto podem não ser tão fáceis de serem encaradas e refletidas pelas mulheres - e pelo parceiro. Porém, problemas sexuais são comuns e a ajuda do profissional da saúde que os assiste é fundamental para analisar cada caso e orientar, segundo suas próprias necessidades.
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Muitas vezes, a mãe sente a busca de sexo pelo parceiro como uma invasão de privacidade, por não se reconhecer no corpo ainda em mudanças. A mulher entende que não está na sua melhor fase corporal, pois sua forma física ainda indefinida entre a gravidez e a pós-gravidez a faz sonhar com sua silhueta anterior, que ainda demorará a chegar e, portanto, lhe causa estranheza, vergonha, rejeição e consequentemente, coloca abaixo sua autoestima.
Somam-se a este cenário as mudanças hormonais que continuam por um tempo após o parto. Certas mulheres chegam a pensar que lhes faltam integridade anatômica e fisiológica, além de equilíbrio psicossocial.
Além disso, a mãe, que quando grávida tinha a atenção de todos e era considerada de uma beleza quase divina, se vê agora como coadjuvante apenas, pois o centro passou a ser o bebê, que preenche a vida do casal, atrai todos os olhares e merece todos os cuidados e dedicação dos familiares.
Outro fator que pode contribuir para a falta de desejo sexual pode ser o medo arquetípico, inconsciente ou não, de engravidar novamente - os animais quase nunca têm relacionamento sexual enquanto os filhotes estão pequenos. Trata-se do movimento inerente da natureza, que permite a recuperação completa do organismo da fêmea antes da próxima gravidez.
Sensações de medo do fracasso de ser mãe e o constrangimento pela própria falta de desejo também rondam a dimensão psicoemocional da mulher, trazendo-lhe crises depressivas que podem agravar ainda mais o quadro de desinteresse sexual no período pós-parto. É importante cultivar a alegria e a dádiva de ser mãe e não se perder em pensamentos negativos e inseguranças. A realização de ser mãe e esposa é altamente estimulante e se traduz em autoestima e autoconfiança renovadas, o que é profundamente sedutor.
De qualquer modo, a inibição do desejo sexual no período pós-parto deve ser entendida como uma questão a ser tratada pelo casal, pois não deve ser atribuída a desinteresse pessoal pelo parceiro, mas a fatores intraorgânicos, isto é, a mudanças internas no organismo da mulher e a outros, externos, como o cansaço decorrente dos cuidados com o recém-nascido em tempo integral e a insatisfação e o desconforto com o corpo.
(com informações do site Personare)