Ao falar sobre saúde masculina, muitas são as dúvidas em torno da fertilidade do homem. O assunto ainda pode ser um tabu, fazendo com que informações equivocadas prevaleçam.
Para entender melhor sobre o tema, o professor Dr. Marcos Tobias Machado, do setor de uro-oncologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e responsável pelo setor de cirurgia robótica urológica no Hospital Brasil e rede D’Or, responde a 10 perguntas sobre fertilidade masculina. Confira abaixo:
1- Quais são os sintomas ou situações que podem indicar um problema na fertilidade masculina?
Um dos primeiros sintomas é quando um homem e uma mulher desejam ter filho há mais de um ano, sem utilizar métodos contraceptivos, mas a gravidez não acontece. Ambos precisam passar por avaliação médica e, no caso do homem, pode ser um indicativo de que há um problema de fertilidade.
2 - Qual faixa etária apresenta maior incidência de infertilidade masculina?
A maior incidência ocorre em homens com 40 anos, em média. Entretanto, a infertilidade pode ocorrer em qualquer faixa etária.
3 - Há uma relação entre a idade do homem e a fertilidade? Por quê?
Sabe-se que, à medida que o homem envelhece, existe uma tendência à redução concomitante da produção de espermatozoides, o que aumenta a frequência de infertilidade. Isso se deve principalmente pelas alterações hormonais que ocorrem com a idade.
4 - É possível associar a disfunção erétil à infertilidade? Quando um homem é diagnosticado com o problema?
A disfunção erétil é um distúrbio no mecanismo de ereção peniana e o seu diagnóstico é fundamentalmente clínico. Após avaliar o quadro, o médico pode pedir a realização do teste de ereção fármaco induzido e da ultrassonografia com doppler peniano. Apesar da penetração peniana ser essencial para que o sêmen seja depositado na vagina, geralmente não há uma relação direta entre o problema e a infertilidade masculina.
5 - Quais exames o homem pode realizar para avaliar a sua fertilidade e o que eles podem indicar?
O exame fundamental para o diagnóstico de infertilidade é o espermograma, que deve ser confirmado em pelo menos duas amostras. Outros exames como ultrassonografia com doppler escrotal e as dosagens hormonais de FSH (Hormônio Folículo Estimulante), LH (Hormônio Luteinizante) e testosterona também podem ser considerados. Alterações nesses exames iniciais podem indicar outros testes ou tratamento.
6 - É possível determinar a quantidade de sêmen ejaculado de cada homem? O que determina a sua qualidade?
O volume do sêmen ejaculado pode variar muito de homem pra homem. Uma quantidade mínimo aceitável é de 2 ml. Entretanto, não existe uma recomendação formal na medicina para o aumento no volume de sêmen.
7 - É mito ou verdade que vitaminas C, E e D podem melhorar a qualidade do sêmen para quem está tentando uma gestação?
No caso da vitamina E é uma verdade, devido ao poder antioxidante. Ela tem sido utilizada para os casos de oligoastenospermia idiopática. Entretanto, as evidências científicas de alto nível são fracas.
8 - Quais doenças podem afetar a fertilidade masculina?
A fertilidade masculina pode ser afetada por vários fatores. Alguns deles são as infecções virais, como a caxumba. Além disso, alterações genéticas, como a criptorquidia, e uso de drogas, como tabaco, maconha e cocaína, podem afetar a fertilidade humana. Alterações na temperatura escrotal também podem prejudicar a fertilidade masculina. Isso pode acontecer ao desenvolver a varicocele, doença que causa dilatação das veias testiculares. Com isso, a quantidade de sêmen pode ser prejudicada. O autoexame é uma das maneiras de detectar a enfermidade.
9 - Algum medicamento pode prejudicar a fertilidade masculina? Se sim, quais e de que forma isso acontece?
Alguns medicamentos podem, sim, afetar a fertilidade masculina. Medicamentos que afetam a função hormonal masculina, como os análogos do GnRH e os bloqueadores da enzima 5-alfa redutase também afetam a espermatogênese, processo fisiológico de produção dos espermatozóides.
10 - Quais hábitos devem ser evitados para que o homem mantenha a fertilidade saudável?
Ter uma vida saudável, de forma geral, como boa alimentação, boas horas de sonos, evitar o stress, tabagismo e uso de drogas. Além disso, o bom relacionamento com a parceira está entre as atitudes necessárias para que exista uma boa função reprodutiva.