O ser humano dá mais importância à derrota do que às vitórias. O controle sobre os sentimentos é algo que o ser humano tem de aprender desde que nasce. O aprendizado ocorre através da exposição direta e vivencial às situações de vida, e com as pessoas à volta literalmente mostrando como um humano se porta naquela situação.
Nas situações de perda, por exemplo, o falecimento de um ente querido, o vivenciar a perda, sofrer, ficar triste, precisar de um tempo para se recuperar é algo inerente ao ser humano como meio de retirar do pensamento a fixação naquele ente querido.
O que denominamos de luto é o mecanismo humano para administrarmos a situação de perdermos alguém e conseguirmos viver sem esse alguém e em prol de nós mesmos.
Mas isso sempre tem que ter um parâmetro de tempo para ser denominado ''normal'', e não deve passar de dois meses, mas a maioria das pessoas precisa de ao menos um mês para superar a perda. Quando ocorre de passar mais de dois meses e a pessoa continuar a sofrer com essa perda, este sofrimento é considerado patológico e necessita de atenção de um profissional de saúde mental.
Dois são os fatores que nos fazem dar mais atenção à derrota que algumas vitórias. Perder necessita produzir uma mobilização grande para que não passemos pela perda novamente. Se depender da pessoa a solução de não perdermos, esta mobilização deve ser importantíssima para que façamos a coisa certa da próxima vez.
Mas existe outro fator: pensar errado. Se pensamos errado, se esta é uma tendência de uma pessoa, as coisas tenderão a dar mais errado ao longo da vida, e isto funciona como uma profecia auto-realizável. Procuramos fazer de tudo para que o que cremos dê certo. Se pensamos errado, faremos as coisas dar errado, pois assim mantemos uma coerência interna.
Este formato, além de errado em si, é um grande problema que merece atenção profissional em saúde mental, pois não permitirá satisfação na vida desta pessoa.
Associando as duas coisas, uma pessoa com tendência a pensar coisas erradas e negativas sofrerá mais e por muito mais tempo do que seria normal frente a uma perda material ou familiar. Estas pessoas precisam de ajuda, pois só sabem sofrer.
Oswaldo M. Rodrigues Jr - psicoterapeuta sexual (Instituto Paulista de Sexualidade)