Embora o conceito de perversão tenha mudado com o decorrer dos anos, a pedofilia, o estupro, o voyeurismo e o exibicionismo são considerados perversões, pois são atos em que um indivíduo impõe desejos e condições pessoais a alguém que não deseja ser incluído naquele roteiro sexual, ou seja, não há igualdade de condições entre as pessoas envolvidas nem a possibilidade de escolha. É uma imposição violenta, na qual a pessoa submete a outra a algo que o outro não quer e não consegue se defender. Muitas vezes, ocorre uma sedução desigual, por exemplo, de um adulto para uma criança.
Pesquisas atuais mostram que a maioria dos pedófilos foram, em sua infância, usados sexualmente por um adulto. Repetem o mal que aconteceu a eles, atuando perversamente.
Freud explica que a perversão é o avesso da neurose. O neurótico geralmente é uma pessoa com um superego rígido, que o acusa o tempo todo, levando-o a sentimentos de culpa, muitas vezes irracionais, reprimindo exacerbadamente a sexualidade e a agressividade.
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Já o perverso tem uma falha muito séria de caráter, não constituindo um superego (código de ética interno, valores sociais e culturais). Assim, não há repressão com relação aos seus impulsos agressivos e sexuais, isto é, faltam limites, ele não sente culpa por seus atos, não se arrepende, vindo a repetir os atos violentos inúmeras vezes.
Alguns teóricos afirmam que o perverso formou um superego projetado na sociedade. Devido a isso, não há crime perfeito, pois sempre deixam algum vestígio para serem pegos. Esta atitude é inconsciente e mostra o desejo implícito de limite e punição pelos seus atos.
A neurociência mostra uma resposta da amígdala, estrutura pertencente ao sistema límbico, que é o centro das emoções, diferente nos perversos em comparação com as pessoas consideradas normais. As pessoas normais, diante de uma situação perigosa, adversa, apresentam reação emocional esperada. No entanto, o perverso não apresenta a reação emocional esperada, não mostra identificação com o outro nem empatia, nem sentimento de culpa ou desejo de reparação. É frio, agindo em busca da satisfação de seus desejos, não se importando com o outro, entendendo que o outro está ali para ser usado por ele.
Diante do quadro, os tratamentos psicoterápicos costumam ser ineficazes, pois o perverso não se implica no tratamento, achando, muitas vezes, que está certo em suas ações. Por serem perigosos, precisam ser detidos, pois a população precisa ser protegida dessas pessoas. Cientistas continuam procurando meios eficazes para recuperar estes indivíduos.
Mitos e Verdades
- Mito: todas as pessoas conseguem controlar seus impulsos sexuais e agressivos, sentem culpa quando erram, buscando reparação.
- Verdade: as pessoas consideradas perversas são perigosas para a população.
Denise Hernandes Tinoco, mestre e doutora em Psicologia Clínica e psicoterapeuta