Houve épocas em que o parto era sinônimo apenas de sofrimento e as mulheres, penalizadas por ambientes sombrios e de isolamento desde o início do trabalho de parto. O recém-nascido não tinha contato com a mãe por um longo tempo e estava restrito a berçários e cuidados de enfermagem.
Com a humanização do parto, ainda restrita a grandes centros, houve uma revolução na assistência, com a participação familiar durante o internamento, em ambientes acolhedores de luz e beleza. A presença familiar durante o trabalho de parto dá às parturientes a segurança e o apoio necessários em momentos tão especiais de suas vidas.
E faz muito mais pelas mulheres quando seus parceiros têm a dimensão e vivenciam o sofrimento que elas suportam. Ouvimos, frequentemente, que após estes partos os parceiros tornaram-se mais amorosos, compreensivos e participativos da vida familiar. E com certeza a compreensão masculina da anatomia genital feminina terá outra dimensão.
Ao assistir um parto normal e presenciar que a elasticidade vaginal foi concebida para suportar a passagem de um filho e se recompor alguns dias depois, há uma valorização e respeito pelo corpo feminino.
O carinho e o afeto irá estimular uma resposta sexual adequada e plena. Devido aos níveis hormonais, as primeiras relações sexuais após uma gravidez, mesmo nos partos cesárea, são mais sensíveis. A cicatrização da episiotomia decorre umas três semanas, e o sangramento uterino, às vezes, se prolonga até cinco semanas.
O parto normal pode resultar em flacidez ou roturas dos músculos do períneo (espaço entre o ânus e os órgãos sexuais), não sendo esses fatores de comprometimento da resposta sexual do casal. Até porque, algumas mulheres sem filhos têm flacidez importante de períneo, decorrente da falta de atividades de cócoras, comuns em tempos remotos, como trabalhos domésticos, uso de patentes no solo, entre outros.
Hoje, orientamos as pacientes a fazer exercícios perineais (exercícios de Kegel), independente de serem gestantes. Se feitos regularmente, desenvolvem uma ótima musculatura vaginal e, assim, fazem a diferença na sexualidade pela qualidade da sensibilidade da relação para o casal.
Esses exercícios perineais também estimulam o desejo feminino e são valorizados na cultura oriental, assim como também estão disponíveis como tratamento fisioterapêutico.
Mitos e Verdades
- Mito: o prazer sexual é diferente após um parto normal.
- Verdade: o exercício perineal faz diferença na sensibilidade sexual do casal.
Maurílio Maina, ginecologista e especialista em terapia sexual