Números publicados recentemente em um jornal de circulação nacional revelaram que 99% dos homens só vão ao médico porque a mulher manda e vai junto. No ano passado, 16,7 milhões de mulheres foram ao ginecologista enquanto que apenas 2,7 milhões dos homens consultaram o urologista.
No cotidiano do meu consultório, grande parte das consultas se deve a três motivos básicos: impotência sexual, tratamento (ou prevenção) de câncer de próstata e cálculos urinários. Como o assunto enfoca sexualidade, deixaremos os cálculos para outra oportunidade.
A mulher, por uma questão cultural e histórica, está acostumada a procurar o ginecologista para resolver problemas relacionados ao sistema reprodutor e à sexualidade. E dificilmente vemos alguma paciente que se recusa a ir ao ginecologista por ter vergonha, visto que no sexo feminino isso faz parte da ''rotina'' das mulheres, diferentemente dos homens.
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Apesar da abertura cada vez maior do sexo masculino em conversar sobre seus problemas sexuais, o número de homens que vai ao médico com este intento é relativamente menor do que o de mulheres. Isso porque ele fica com medo de ser estigmatizado como doente, impotente ou ''menos homem'', mesmo que seja somente perante o médico que o consulta. É relativamente humilhante para o homem reconhecer em si algum distúrbio sexual, porque frente à sociedade ele deve passar a imagem de sexo forte, de protetor e provedor de sua família.
Quanto à questão do câncer, é difícil falar estatisticamente quantos homens revelam a doença às suas famílias, mesmo porque esta não é uma questão que comumente se pergunta ao paciente. O que posso afirmar é que cada vez mais os homens vêm ao urologista para realizar o preventivo para câncer de próstata, mesmo sabendo que isso envolve o exame de toque retal.
Vejo que a preocupação com a saúde vem ganhando maior importância do que a vergonha do exame. Daqueles que têm o diagnóstico de câncer de próstata, também grande parte é de tumores localizados, passíveis de cura com tratamento adequado. Infelizmente uma das possíveis consequências neste tratamento é a impotência sexual, o que pode levar o paciente a esconder a doença e/ou seu tratamento da família e dos amigos.
As mulheres também ajudam a dar um ''empurrãozinho'' para o homem ir fazer seu preventivo, mas acredito que boa parte vai ao consultório por vontade própria. Mais ainda quando o problema é da esfera sexual, sendo que quase sempre o homem não revela à companheira que foi se consultar.
Frente a isso, concluo que há uma conscientização e aceitação cada vez maior dos homens em procurar ajuda para seus problemas sexuais, porém ainda há um longo caminho a ser percorrido para que isso se torne rotina no sexo masculino, devido ao preconceito e desinformação de algumas pessoas.
Juliano Plastina, urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia