Como a paixão tem os dias contados, chega um momento em que acordar juntos não é tão romântico e as diferenças surgem e incomodam. Mesmo na melhor fase sexual não há desejo constante e nem sempre se corresponde ao desejo do outro. A excitação masculina não dá para esconder, enquanto a feminina pode ser real ou inventada. Assim as mulheres se protegem, fingindo estar com desejo ou tendo orgasmo, cumprindo a obrigação. E muitas o fazem por muito tempo.
Muitos homens desconhecem a lubrificação vaginal, importante sinal de excitação. Mexer o corpo e dar uns gemidos não é difícil. Algumas posições, como a de quatro, facilitam a tarefa e reduzem o contato físico. Nestas situações evita-se a criatividade sexual, posições ou sexo diferente para não prolongar a relação sexual. O extremo é ter sexo sem beijo.
Também as necessidades sexuais são diferentes, e por si só causam conflito quando o desejo de um é mais frequente que do outro. Quando o homem tem menos desejo, elas podem interpretar como desamor ou infidelidade.
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Este desinteresse da intimidade e criatividade sexual pode ser momentâneo, esporádico ou um comportamento padrão de disfunção sexual. Tem origem hormonal ou na perda de sentimentos um pelo outro, mágoas e sentimentos negativos não resolvidos ou baixa auto-estima. Se disser não vira rotina, surgem as desculpas para evitar o contato com o outro, desde dores de cabeca, cólicas, sangramento menstrual, sono, insônia, tarefas domésticas, aquele pijama horroroso, mudar o horário de banho, entre outros.
E as repercussões vão além de um desejo sexual não realizado. Quem está evitando não mantém o carinho e se distancia do outro. Ou não retribui para evitar o contato e a possibilidade sexual. Como viver uma relação em que 'eu te amo', quer dizer 'eu te amo', mas 'não me toque'. Como outros instintos, a frustração sexual causa desconforto, irritabilidade e dificuldades no relacionamento afetivo e social.
Assim vão se somando momentos ruins, que as fazem pensar e desejar menos ainda em intimidade e sexo. Não acontece com você? Então peça um beijo, você merece.
Maurílio Jorge Maina, ginecologista e especialista em terapia sexual