São vários os fatores que parecem influenciar na sexualidade da mulher diabética. Muitos estudos demonstram claramente esta associação no homem, desde a alteração da libido até a disfunção erétil. Nas mulheres, a disfunção sexual ocasionada pelo diabetes não está totalmente esclarecida; alguns estudos relacionam também a doença com alterações do desejo sexual e excitação.
Podemos citar a interferência biológica do diabetes relacionada à idade, estado de saúde geral, presença de algumas doenças associadas, como vulvo vaginite por cândida, e alterações importantes dos níveis de açúcar no sangue, que interferem negativamente na sexualidade, levando a quadros dolorosos, mal-estar e fadiga.
Os fatores psicológicos têm ligação principalmente com o humor, auto-estima e ansiedade em relação à doença. Muitas mulheres sentem-se ansiosas no que diz respeito à contracepção segura e eficaz, às vezes por receio próprio ou mesmo do médico não fazem uso de métodos contraceptivos seguros e confortáveis, vivendo sob constante medo de uma gravidez, e até mesmo modificando toda sua forma de relacionar-se sexualmente.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
O uso de diversos fármacos, em geral, como aqueles utilizados para o tratamento arterial, e algumas outras doenças associadas ao diabetes também podem influenciar negativamente na sexualidade.
Para ter uma vida saudável, o diabético deve manter os níveis glicêmicos controlados, pois quanto mais próximo do normal a glicose se mantiver ao longo da vida, mais o diabético estará adiando as complicações.
É muito importante uma vida salutar, atividade física compatível com sua condição e ao mesmo tempo que lhe traga prazer. Deve-se evitar, a todo custo, uma vida sedentária.
Devemos tratar as complicações relacionadas ao diabetes, como as já mencionadas anteriormente, proporcionando uma melhor condição de saúde. É importante ter em mente o reconhecimento da doença, a estabilidade emocional, e procurar atender a seus desejos perante os limites impostos pela realidade da vida, a que estão sujeitos todos os seres humanos.
Por fim, cito Freud, o pai da psicanálise, quando descreve os limites da vida: ''A fragilidade do corpo, as forças dominantes do mundo externo e a inadequação de seus relacionamentos são as principais causas de infelicidade e dor para todo ser humano''. Portanto, o diabético deve procurar se adaptar às condições que a doença muitas vezes lhe impõe.
Mitos e Verdades
- Mito: o diabético sempre terá restrições em sua vida sexual
- Verdade: o bom controle físico e emocional propiciará ao diabético uma vida saudável e normal
Marcelo Mendonça, ginecologista