Existem dois tipos de cólica menstrual. Uma que é considerada um processo fisiológico, ocasionado pela produção no útero de substâncias denominadas de prostaglandinas. As prostaglandinas têm sua produção estimulada pelo hormônio feminino progesterona, que é sintetizado pelo organismo a partir da ovulação.
Após, em média, 14 dias da ocorrência da ovulação, o nível de progesterona despenca e o útero libera as prostaglandinas, o que causa naquele órgão o fenômeno da menstruação (a descamação da sua membrana interna, o endométrio). As prostaglandinas liberadas das células uterinas provocam intensas contrações no útero, que são responsáveis pelas cólicas.
Este tipo de cólica surge nos primeiros ciclos menstruais, duram até três dias, não mais que isso, apresentam sempre a mesma intensidade e geralmente melhoram com pílulas anticoncepcionais ou antiinflamatórios inibidores das prostaglandinas.
Um segundo tipo de cólica é aquela ocasionada por algum tipo de doença como miomas (tumores benignos do útero) ou endometriose (doença originada por implantes do endométrio, que refluem do útero para a superfície que reveste os órgãos da pelve, determinando um processo de inflamação e liberação de prostaglandinas). Este tipo de cólica tem um caráter progressivo tanto na intensidade dos sintomas como na duração dos mesmos, podendo se estender até antes e após a menstruação.
Não há nenhum estudo que demonstre que o consumo de chocolate possa aumentar a incidência da cólica menstrual ou o risco de ter endometriose. Alguns estudos concluíram que o consumo de frutas e vegetais, por terem maior teor de fibras, protegeriam contra a endometriose por aumentar a depuração de estrogênio (hormônio feminino que estimularia a endometriose).
Por outro lado, a gordura presente na carne vermelha poderia aumentar a concentração de estrogênio, sendo fator de risco para a endometriose, e também por ser mais rica em ácidos graxos do tipo ômega 6.
As prostaglandinas mais potentes, que causam cólica e inflamação, são derivadas da gordura do tipo ômega 6, enquanto as derivadas do tipo ômega 3 (óleo de peixe) são mais fracas e causam menos inflamação e dor. Outros autores ainda relacionaram o consumo de álcool e cafeína com o maior risco de endometriose.
Todos estes estudos são controversos, alguns com falhas em sua metodologia. Os únicos estudos consistentes que evidenciaram alguma proteção para a cólica menstrual são os relacionados ao maior consumo de peixe e magnésio.
Cápsulas com este sal ou com óleo de peixe parecem ser um futuro promissor para o tratamento da cólica menstrual. Não há dados suficientes na literatura médica para se recomendar uma dieta que diminua o risco de endometriose.
Hilton Cardim, mestre e doutor em ginecologia, especialista em reprodução humana