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Incômodo

O consumo de chocolate agrava as crises de cólica?

Sexo & Comportamento - Folha de Londrina
10 ago 2010 às 19:26

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- Reprodução
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Existem dois tipos de cólica menstrual. Uma que é considerada um processo fisiológico, ocasionado pela produção no útero de substâncias denominadas de prostaglandinas. As prostaglandinas têm sua produção estimulada pelo hormônio feminino progesterona, que é sintetizado pelo organismo a partir da ovulação.

Após, em média, 14 dias da ocorrência da ovulação, o nível de progesterona despenca e o útero libera as prostaglandinas, o que causa naquele órgão o fenômeno da menstruação (a descamação da sua membrana interna, o endométrio). As prostaglandinas liberadas das células uterinas provocam intensas contrações no útero, que são responsáveis pelas cólicas.

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Este tipo de cólica surge nos primeiros ciclos menstruais, duram até três dias, não mais que isso, apresentam sempre a mesma intensidade e geralmente melhoram com pílulas anticoncepcionais ou antiinflamatórios inibidores das prostaglandinas.

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Um segundo tipo de cólica é aquela ocasionada por algum tipo de doença como miomas (tumores benignos do útero) ou endometriose (doença originada por implantes do endométrio, que refluem do útero para a superfície que reveste os órgãos da pelve, determinando um processo de inflamação e liberação de prostaglandinas). Este tipo de cólica tem um caráter progressivo tanto na intensidade dos sintomas como na duração dos mesmos, podendo se estender até antes e após a menstruação.

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Não há nenhum estudo que demonstre que o consumo de chocolate possa aumentar a incidência da cólica menstrual ou o risco de ter endometriose. Alguns estudos concluíram que o consumo de frutas e vegetais, por terem maior teor de fibras, protegeriam contra a endometriose por aumentar a depuração de estrogênio (hormônio feminino que estimularia a endometriose).


Por outro lado, a gordura presente na carne vermelha poderia aumentar a concentração de estrogênio, sendo fator de risco para a endometriose, e também por ser mais rica em ácidos graxos do tipo ômega 6.

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As prostaglandinas mais potentes, que causam cólica e inflamação, são derivadas da gordura do tipo ômega 6, enquanto as derivadas do tipo ômega 3 (óleo de peixe) são mais fracas e causam menos inflamação e dor. Outros autores ainda relacionaram o consumo de álcool e cafeína com o maior risco de endometriose.


Todos estes estudos são controversos, alguns com falhas em sua metodologia. Os únicos estudos consistentes que evidenciaram alguma proteção para a cólica menstrual são os relacionados ao maior consumo de peixe e magnésio.


Cápsulas com este sal ou com óleo de peixe parecem ser um futuro promissor para o tratamento da cólica menstrual. Não há dados suficientes na literatura médica para se recomendar uma dieta que diminua o risco de endometriose.

Hilton Cardim, mestre e doutor em ginecologia, especialista em reprodução humana


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