Um paciente chegou ao meu consultório e disse que decidiu comprar outro colchão porque sua mulher é ‘muito ruim de cama’. Culpa do colchão, culpa da esposa, culpa do tempo, ou da falta de tempo.
As pessoas, homens e mulheres, sempre buscam justificativas para o descontentamento com sua vida sexual. E qualquer explicação serve, até mesmo a ejaculação precoce, falta de ereção, dor de cabeça ou dor vaginal. Tudo mesmo, desde que não mostre suas fragilidades, dúvidas e dificuldades para alcançar o prazer sexual com o parceiro.
Afinal, o principal medo de homens e mulheres brasileiros é não conseguir satisfazer o parceiro. De acordo com Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, do Instituto de Psiquiatria da USP, 55,9 % dos homens e 45,4% das mulheres relatam este medo, porcentagem que ultrapassa a registrada com o medo de contaminações por doenças sexualmente transmissíveis (44% para homens e mulheres).
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Sim, é mais fácil culpar situações que estão fora do nosso controle. Mas isto não resolve o problema e pior; pode desestruturar uma relação onde há amor.
A afinidade e ansiedade que enfeitam o início da paixão não precisam acabar. Mas para isto não basta sentir amor, é necessário decidir ‘amar’ o parceiro. É preciso cultivar ações diárias e constantes, como beijos apaixonados e carinho, que façam o outro se sentir amado e/ou um amante.
É desta decisão que depende a continuidade do desejo e do prazer no relacionamento. Por mais amor que exista, toda relação precisa de erotização para despertar e aquecer o desejo. E vocês sabem: sem desejo, nem viagra funciona!
Márcio D. Menezes, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual