A atração sexual mexe ao mesmo tempo com todos os órgãos dos sentidos, intensificando as suas potencialidades. Com isso, a vibração de quem experimenta a atração sexual representa o seu alimento erótico e pode se manifestar de várias formas.
Quando a atração sexual aproxima pessoas sintonizadas pelo sentimento, pela cabeça, pelo estilo de vida, além da sintonia do corpo, podemos considerar esse encontro propício para relacionamentos mais completos.
Já no caso de pessoas que vivem a atração sexual em relação às idealizações que fazem da outra pessoa, elas nem sempre confirmam as suas expectativas quando têm oportunidade de um contato real com o seu objeto de desejo. Podem se desencantar a curto prazo com o aumento do contato, quando não encontram nas características presentes de sua parceria tudo aquilo que criaram imaginariamente sobre a outra pessoa. Tendem a procurar os aspectos que idealizam nas outras pessoas, criando um abismo entre suas expectativas e a realidade.
Encontramos também aquelas pessoas cuja atração sexual repousa invariavelmente nas figuras inacessíveis e indisponíveis para um relacionamento. Pode ocorrer, inclusive, casos em que a pessoa poderá sentir mais atração sexual ainda quanto mais difícil se mostrar uma dada conquista.
Sob este aspecto, o que move a motivação sexual em relação a alguém desejável tem menos a ver com a pessoa-alvo da conquista do que com o sabor do desafio em questão.
Quando ocorre de a conquista se concretizar, a atração sexual se esvai e tende a dirigir-se a um outro alvo inacessível para reeditar o mesmo ciclo. Essas pessoas vivem em busca da vibração da atração erótica através daquelas situações que acreditam estar fora do seu alcance, mas que julgam poder conquistar. Portanto, a atração sexual se mantém até o limite da conquista.
Esse representa o seu fim em si mesmo, impedindo relações de envolvimento e troca a dois.
As atrações sexuais intensas decorrentes desses casos de idealização da figura desejável, ou de casos que exigirão muito investimento para se concretizar, ou ainda, que são fortes apenas nos primeiros contatos de paquera ou de namoro, quando se repetem sempre da mesma da forma, são exemplos de vibrações intensas de paixão que têm o tempo contado para enfraquecer. São, em essência, formas que impedem uma relação que envolva a outra pessoa e que propicie uma parceria capaz de produzir o alimento erótico adequado para cada momento da relação e dos projetos comuns da vida a dois.
Margareth Reis, psicóloga clínica, terapeuta sexual e de casais no Instituto H. Ellis (SP)