É indiscutível que atingimos a diminuição da mortalidade precoce com os avanços da Medicina durante o século XX e, com isso, contemplamos uma maior expectativa de vida. Desta forma, a população de idosos tem se elevado mais que as outras faixas de idade.
Se considerarmos a realidade de nosso país, já observamos que o Brasil não é mais o país de jovens como o fora há algumas décadas atrás. Neste sentido, ainda persiste a falsa crença de que a mulher mais velha não apresenta nem desejo nem vontade de exercer a sua sexualidade.
Os mitos que giram em torno da sexualidade constituem grande parte das dificuldades que as pessoas enfrentam no envolvimento íntimo. Em se tratando da sexualidade feminina durante o seu envelhecimento cronológico, as dificuldades tendem a se ampliar ainda mais.
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O que devemos ressaltar é que a expressão da sexualidade feminina também tem uma estreita relação com o contexto social ao qual a mulher pertença. Entretanto, mudanças fisiológicas ocorrem no decorrer da vida e a falta de informação da mulher sobre isso pode levá-la a limitações desnecessárias. A baixa dos estrogênios (hormônio responsável pelo bem-estar feminino) com a qual a mulher se depara nesse período da vida pode tornar a penetração vaginal dolorosa.
O acompanhamento ginecológico é o caminho para a superação desse desconforto feminino, uma vez que esse profissional poderá orientar sobre a utilização de cremes que possuam estrogênios em sua composição, de acordo com a necessidade de cada caso. As carícias recebidas nos seios e no clitóris passam, também, a exigir mais suavidade, uma vez que os seios tornam-se mais flácidos com o passar do tempo e o clitóris torna-se mais sensível ao toque.
Outro aspecto importante do envelhecimento feminino é o advento da menopausa, caracterizando o final da vida reprodutiva da mulher. Esse período costuma ser marcado por várias alterações - emocionais, psicológicas e hormonais -, que variam sobremaneira de uma mulher para outra. O final da vida reprodutiva feminina não representa o final do seu prazer sexual.
Além de a menopausa não caracterizar o encerramento da vida sexual feminina, a terapia de reposição hormonal (com acompanhamento ginecológico) tem devolvido o bem-estar às mulheres nesse período do ciclo vital. O estado geral da mulher durante o seu envelhecimento depende tanto da capacidade para seduzir, atrair e desfrutar os prazeres que a vida oferece, já experimentada ao longo de sua existência quanto da ausência de alguma doença adquirida com o avanço da idade.
Porém, sem a existência de alguma doença que traga algum tipo de limitação para a sua qualidade de vida, a sexualidade da mulher mais velha tem acenado com a possibilidade de manutenção da satisfação já alcançada no decorrer de sua vida ou, ainda, com a possibilidade de descobertas da sua satisfação sexual aos 50, 60, 70, 80 anos ou mais, sem nenhum obstáculo.
Margareth de Mello F. dos Reis - psicóloga e terapeuta sexual