A constatação da presença da infertilidade no casal gera transtornos importantes na vida social, conjugal e sexual dos parceiros. A repetição de exames e as tentativas frustradas representam um custo emocional elevado ao casal.
A orientação de manter várias atividades sexuais no período fértil da mulher, um mito utilizado por casais no sentido de facilitar a gravidez, constitui num mecanismo de alto risco dirigido às disfunções sexuais.
A mulher e o homem passam a ter a vida sexual invadida em sua privacidade, pela necessidade de manter relações a qualquer custo, muitas vezes com data e hora marcada. Segundo estatísticas, passado o período fértil da mulher, em torno de 46% dos casais podem apresentar redução dos intercursos sexuais espontâneos.
Estudos feitos com casais inférteis revelam que 10% separam-se após dois anos de tentativas frustradas. E 80% das mulheres sentem remorso e tristeza após constatarem o resultado do exame do marido como normal. Esses sentimentos ocorrem principalmente quando elas tomam conhecimento de que alguns de seus exames estão anormais. A ansiedade, em geral, é maior no parceiro responsável.
O homem, em função da estrutura psicológica do gênero, passa a dedicar-se ao trabalho com maior intensidade, enquanto que a mulher passa a ter um aumento de tristeza, ansiedade, às vezes associados à depressão.
A proposição de que o fator emocional seja a causa da infertilidade faz com que muitos casais acreditem no fato de que a adoção de uma criança possa resolver o problema da infertilidade. A adoção não deve ser indicada como terapia de casais sem filhos, ou com problemas depressivos, comportamento sexual comprometido, riscos iminentes de separação conjugal, entre outros.
A criança dever ser querida e desejada pelos futuros pais. Não deve ser usada como terapêutica para que outra criança venha ocupar o espaço. A criança, antes de tudo, deve ser amada e nunca usada.
Mitos e Verdades
- Mito: o casal deve ter várias relações sexuais durante os dias de ovulação prováveis da companheira para facilitar a gravidez.
- Verdade: os espermatozóides, em homens com espermograma normal, permanecem entre 48 e 72 horas viáveis no interior do aparelho genital feminino, em condições de fertilizar o óvulo. Assim, basta que o casal tenha uma relação sexual com intervalo de 48 horas, de uma maneira espontânea, em um período qualquer, para garantir tais condições.
Osmar Henriques, especialista em reprodução humana