Nas fases iniciais do desenvolvimento o bebê não se sente o centro do mundo, na sua mente ele ''é'' o próprio mundo, juntamente com a mãe, a quem se encontra simbioticamente ligado. É provável que quando descobre que ele e a mãe são seres separados se faça sentir a primeira ferida narcísica.
A criança cresce e vai sofrendo novas perdas, na medida em que descobre que nem tudo é como deseja. Esta descoberta é fundamental e representa um maior contato com a realidade, um crescimento físico e emocional, mas significa que boa parte das ilusões vai se desmanchando. A criança vai descobrindo que existem outros fatores tão importantes quanto ela; percebe que o mundo não gira ao seu redor, e isso é saudável.
No narcisismo patológico, a criança teve durante sua história um excesso de frustrações ou de gratificações. Com isso, a criança liga-se mais profundamente a um de seus pais; o menino liga-se à mãe e exclui o pai. No caso da filhas, elas sentem-se mais importantes para seu pai do que sua mãe. Quando esta criança se torna adulta, este sentimento de total importância persiste e o adulto é capaz de passar a vida inteira buscando as emoções do amor, envolvido num jogo de seduções, paixões e sofrimentos. O colorido de seus romances têm uma boa dose de adrenalina e prazer em viver histórias que se parecem com o ritmo de uma montanha-russa.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
O narcisista patológico tem uma necessidade de se engrandecer. Olha para o mundo de um nível superior, acha que é melhor que as pessoas, muda constantemente de objetos de amor. Sua insegurança o torna tão voraz que não há alimento que o baste. Passa pela vida insistindo em conferir a sua habilidade em despertar amor. Suas conquistas são atraentes no início porque representam um desafio, mas depois perdem a graça.
Nos homens, aparece na forma do ''Don Juan'', pessoas ávidas por seduzir sempre, mas incapazes de nutrir e manter um único relacionamento com amor. O movimento que fazem é para evitar a perda, já que isso repetiria mais uma frustração que ele vivenciou na infância. Ele procura terminar as relações antes que o façam.
O parceiro do narcisista, quando cai em si, sente-se cansado, percebe que sempre se dá muito mais do que recebe, e aquilo que se dá cai no vazio e fica inutilizado.
Já o narcisismo saudável desenvolve um razoável grau de auto-estima, proporciona alegria verdadeira pelas realizações, sente e desperta afeto com tranquilidade. O indivíduo sente-se livre e disponível para dar o melhor de si e receber o que os outros têm de bom para oferecer.
As pessoas podem buscar o autoconhecimento como forma de se integrar e chegar a um quadro mais saudável.
Mitos e Verdades
- Mito: a pessoa que tem traços narcisistas sempre apresentará uma patologia
- Verdade: a distribuição equilibrada da energia narcísica mostra-se na capacidade de dar e receber afeto
Margareth Alves, psicóloga e terapeuta de família