A homossexualidade se forma através de uma confluência de natureza biológica, sociocultural e psicológica. É considerada uma síndrome na visão da psicanálise contemporânea, pois diversas causas etiológicas podem apresentar-se por meio de uma manifestação sintomática aparente.
Freud explicava a homossexualidade como uma inversão na identidade sexual, devido à inversão nas identificações nas relações parentais. Não é mais considerada uma perversão, pois os perversos independem da identidade sexual.
Não são homossexuais pessoas casadas, com filhos e que, eventualmente, cometam uma ação de natureza homoerótica. Na homossexualidade a busca pelo mesmo sexo é compulsiva e permanente. Pesquisas apontam que 4% do total de homens e 2% do total de mulheres apresentam conduta homoerótica.
Sabemos, por meio de pesquisas, que a inundação do embrião por hormônios sexuais influenciam os desejos da pessoa que está se formando, influenciando sua atração sexual futura através cheiro captado pelo órgão vomeronasal.
A sexualidade independe do sexo, mas dos desejos inconscientes depositados nos filhos, das expectativas e demandas em relação à conduta dos filhos. O nome escolhido, os papéis passados, a escolha das roupas, tipos de brincadeiras e esportes, a forma como falam da sexualidade, entre outros fatores, influenciarão a formação da identidade sexual.
Pais, num processo de cumplicidade e de faz-de-conta que nada estranho esteja acontecendo, muitas vezes estimulam a homossexualidade nos filhos, querendo realizar a própria homossexualidade latente. Outras vezes proíbem com tal veemência por desejarem e não suportarem, que passam ao filho o papel.
Freud aponta que a escolha do objeto homossexual pode ser de natureza anaclítica (retorno a uma situação paradisíaca de apego original com a mãe, com sensação de posse absoluta sobre ela) ou narcísica, nas modalidades: busca no parceiro uma extensão daquilo que ele é (tempo presente), ou do que foi (passado), ou daquilo que almeja vir a ser (futuro).
O homossexual pode apresentar sintomas de paranóia, expressos nas projeções inconscientes que faz de seus desejos no outro. Pode sentir-se perseguido pelas pessoas que deseja perseguir, pode sentir ciúme do cônjuge, projetando seus desejos sexuais nele, achando que é o cônjuge que está atraído por outra pessoa.
O complexo de Édipo pode ser invertido na criança, quando os pais formam um casal ambíguo ou invertido. Por exemplo, o menino identificado com uma mãe fálica e ambivalente, como defesa; ama a si mesmo, fixando-se no narcisismo, buscando um igual como objeto de amor. Pode associar amor com dor e submissão, buscando amar o agressor. Pais omissos, dominados pela mulher e denegridos pela mãe, levam o menino a identificar-se com a mãe.
Mitos e Verdades
- Verdade: podemos constatar que a pessoa não escolhe ser homossexual, mas descobre-se homossexual
- Mito: a homossexualidade é uma questão genética
Denise Hernandes Tinoco, doutora em Psicologia Clínica, psicoterapeuta de abordagem psicanalítica e docente