De acordo com um estudo publicado nos Estados Unidos, homens sexualmente ativos têm duas vezes mais chances que as mulheres de contrair câncer de garganta e de boca, ligados a uma infecção pelo vírus do papiloma humano, o HPV.
Dois em cada três casos de câncer da orofaringe são causado, na maioria das vezes, pela infecção do HPV 16, que tem aumentado muitos os casos nos últimos anos nos EUA e em parte dos países ocidentais, explicou Gypsyamber D'Souza, epidemiologista que apresentou sua pesquisa na Conferência Anual sobre Avanços na Ciência (AAAS), realizada neste final de semana.
De acordo com pesquisas, homens, sobretudo brancos e de idade média, tem mais chances de contrair a doença com sexo oral na parceira do que as mulheres que praticam a modalidade.
A análise mostra que estas práticas generalizadas começam cada vez mais cedo e que a frequência de novos parceiros é igualmente maior. "Nosso estudo mostra que os entre os homens o risco de uma infecção por HPV aumenta com o número de parceiros com os quais mantiveram sexo oral", explicou D'Souza, professor de epidemiologia na universidade Johns Hopkins, em Baltimore.
Ao contrário, entre as mulheres o número de parceiros recentes não parece aumentar o risco de contrair a doença. E com a mesma quantidade de relações, os homens também têm maior probabilidade de se infectar com HPV.
O estudo determinou que as mulheres que têm mais relações sexuais vaginais têm menos risco de contrair HPV durante estas práticas.
Isso sugere que a primeira exposição vaginal ao HPV confere uma proteção maior ao detonar uma resposta imune mais forte, deduz D'Souza.
Aparentemente, o sistema imunológico dos homens é mais frágil, o que os torna mais vulneráveis à infecção, que é bastante comum e a maioria das pessoas elimina em um ou dois anos - embora os pacientes do sexo masculino em menor medida do que as mulheres.
O HPV não causa diretamente mutações responsáveis por tumores, mas provoca mudanças nas células que infectam a garganta e o colo do útero, progredindo a um câncer.
O sexo oral aumentaria o risco do câncer orofaríngeo em cerca de 22%, segundo um estudo publicado em janeiro pelo jornal especializado Journal of the American Medical Association. Este tipo de câncer aumentou 225% em 20 anos.