A circuncisão, ou postectomia, é popularmente conhecida como ''cirurgia de fimose''. Nesta operação, que pode ser realizada com anestesia local, o excesso de prepúcio (aquela pele que recobre o pênis) é retirado, deixando a glande peniana permanentemente exposta.
A cirurgia é indicada quando existe fimose no prepúcio, na qual uma espécie de cicatriz impede a retração completa do mesmo e dificulta a higiene. Também pode ser realizada quando o homem apresenta infecções de repetição na glande do pênis. A postectomia também é realizada por motivos religiosos, como na comunidade judaica, que representa o ''ritual de passagem'' para a vida adulta.
Os mecanismos pelos quais a postectomia pode proteger o homem da infecção pelo HIV não são conhecidos, mas algumas hipóteses foram levantadas:
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- a presença de grande número de células de Lahgerhans no prepúcio, principal alvo do vírus; deste modo, quando removido, a menor quantidade de prepúcio pode proteger contra a infecção;
- a presença de prepúcio aumenta o risco de úlceras causadas por DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), o que potencializa a transmissão do HIV;
- a suscetibilidade da pele do prepúcio a pequenas fissuras durante o ato sexual facilita o contágio do vírus;
- o ambiente úmido e aquecido sob a pele do prepúcio favorece a proliferação do HIV;
- o pênis circuncidado desenvolve uma camada de queratina (proteína presente nas unhas e no cabelo), que protege contra a infecção pelo HIV.
Apesar destas evidências, os estudos em que esta proteção foi constatada podem ter falhas de amostragem e metodologia, sendo ainda impossível afirmar com certeza que homens circuncidados têm menor chance de contrair o vírus HIV. Esta discussão também pode ser estendida às DSTs, existindo trabalhos que comprovam e também refutam esta hipótese.
Diante disso, não podemos deixar de continuar recomendando e reforçando a necessidade do uso do preservativo nas relações sexuais, seja em homens circuncidados ou não a camisinha protege contra HIV, DSTs e funciona como método anticoncepcional.
Mitos e Verdades
Mito: o coito interrompido (ejacular fora da vagina) protege contra a infecção pelo HIV.
Verdade: a transmissão do vírus do homem para a mulher e da mulher para o homem ocorre também durante a penetração e não só na ejaculação, portanto, o coito interrompido não deve ser utilizado como método de prevenção contra HIV e DSTs.
Juliano Plastina, urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia