A hipersexualidade atinge cerca de 3% da população mundial, sendo 80% de homens, e traz prejuízos ao corpo e a vida social da pessoa.
Hipersexualidade, vício, impulso ou compulsão sexual. Tanto faz o termo utilizado, já que o significado é o mesmo: obsessão incontrolável por sexo. De acordo com especialistas, o hipersexual abandona suas tarefas cotidianas, como o trabalho, e deixa de dormir e até de se alimentar corretamente, para praticar ou pensar em sexo.
A professora da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP, Carmita Abdo, explica que a hipersexualidade se demonstra quando a pessoa é "refém do sexo", já que "não consegue mais ter o controle da situação".
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Além das debilidades no corpo, o ginecologista, terapeuta sexual, Amauri Mendes Jr, o vício proporciona uma "grande infelicidade e ansiedade, já que ele nunca se satisfaz".
Para o psiquiatra Aderbal Vieira Jr., responsável pelo setor de tratamento de dependências de comportamentos do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da Unifesp, as consequências da hipersexualidade na vida estão mais ligadas a valores e significados "que estes comportamentos têm em nossa cultura do que propriamente algum tipo de prejuízo diretamente decorrente de praticá-los".
Uma das causas mais aceitas para explicar a hipersexualidade é o desequilíbrio dos neurotransmissores, que pode ter fundo genético ou simplesmente ser decorrente de um trauma, que provoca reações descontroladas temporariamente, segundo explica Carmita. Na maioria dos casos, a disfuncionalidade aparece já na adolescência, mas a tendência é que se torne mais intensa a partir dos 20 aos 30 e poucos anos de idade.
Tratamento
Geralmente, o paciente busca ajuda médica com amparo do parceiro ou de familiares que percebem as mudanças em seu comportamento. Carmita ressalta que, como o assunto é "muito estigmatizado", o indivíduo sente vergonha de relatar o que realmente sente, além do próprio "autopreconceito".
Muitos pacientes trazidos pelo parceiro não contam diretamente sobre o impulso sexual. Antes, relatam outros problemas, como dificuldades de ereção. Por isso, é importante que o especialista faça a análise do caso. O que se deve entender é que não depende da pessoa desejar ou não. É algo que ela precisa controlar e não consegue. É um impulso mesmo.
Os medicamentos utilizados são do tipo antidepressivo, que ajudam a inibir a libido, e também utilizamos estabilizadores de humor. A terapia sexual vai investigar a buscar as origens do problema.
A terapia avalia a pessoa como um todo e como a vida dela se estruturou em relação ao sexo. Geralmente, a medicação só entra quando a pessoa tem, além desta disfuncionalidade, algum outro problema psiquiátrico, como a depressão ou transtorno de ansiedade [algo comum entre os dependentes de sexo]. Em casos mais graves, como pedófilos ou agressores sexuais, também utilizamos a medicação para tentar bloquear quimicamente alguns comportamentos.
(Com informações R7)