O tabagismo é um grande problema de saúde pública no mundo inteiro, atingindo homens, mulheres, adolescentes e até crianças. No Brasil, as estatísticas apontam que entre 15% e 25% da população fuma, sendo este índice maior nas regiões industrializadas e mais prevalente no sexo masculino.
No passado, o cigarro promovia status de ''glamour'' e ''rebeldia'' a seus usuários, principalmente pela influência de artistas da TV e do cinema. Felizmente este quadro mudou, e atualmente há uma maior conscientização acerca dos riscos e malefícios do tabagismo, sendo cada vez maior o número de pessoas que abandonam (ou tentam abandonar) o vício.
Estamos acostumados a ver campanhas anti-tabagismo que focam nos efeitos prejudiciais do cigarro ao coração, pulmões e gravidez, e estas são as principais preocupações das pessoas que tentam parar de fumar. Porém, nas últimas décadas, os estudos científicos têm colocado cada vez mais em evidência a relação entre o fumo e a disfunção erétil.
O cigarro afeta a ereção de várias maneiras. Um estudo publicado em 2001 mostrou que o tabagismo tem uma grande influência na redução das concentrações de óxido nítrico, um importante mediador no relaxamento das artérias penianas - essencial para a ereção. Também é notório o efeito deletério do fumo no aumento da incidência de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, que nada mais são do que obstruções das artérias do coração e do cérebro, respectivamente. Do mesmo modo, esta obstrução ocorre também nas artérias penianas, e contribui sobremaneira para o surgimento da impotência sexual.
Pesquisas recentes demonstraram que os fumantes apresentam uma prevalência de 15% de disfunção erétil, além de um risco duas vezes maior de desenvolver a doença em relação aos não fumantes. Estes efeitos são, também, dose-dependentes: quanto maior o número de cigarros consumidos e maior o tempo de tabagismo, maior também é o risco de perder a ereção. É interessante notar que entre os fumantes impotentes a melhora clínica com o uso de drogas específicas é menor do que nos não fumantes com o mesmo problema.
Portanto, a cessação do tabagismo deve ser uma meta para todos os homens que desejam não só uma vida longa e saudável, mas também anseiam por um desempenho sexual satisfatório e longevo.
Mitos e Verdades
- Mito: quem abandona o cigarro diminui o risco de ficar impotente
- Verdade: apesar de diminuírem os índices de disfunção erétil, os ex-tabagistas dificilmente atingem o mesmo patamar estatístico das pessoas que nunca fumaram
Juliano Plastina, urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)