Partindo da história da religião, sabemos que o fetichismo era dirigido aos objetos que os primitivos imaginavam ser dotados de uma força especial, mana (é o conjunto de forças sobrenaturais provenientes dos espíritos e que operam num objeto ou em uma pessoa).
Acreditavam, então, que o objeto de adoração era habitado por um espírito com poderes mágicos, poderes estes que lhe faltam. Esta maneira de pensar é tipicamente clássica de um estado primitivo, em que o homem demonstra necessidade de ser protegido por deuses poderosos.
Mas, nos dias que correm, o fetichismo parece ser uma condição ligada à vida de pessoas reconhecidamente equilibradas. O fetiche é uma lembrança que ficou do homem primitivo. Cada pessoa acredita em seus ídolos ou objetos.
E o fetichismo erótico? Este aparece e se desenvolve quando uma atenção especial é direcionada para um determinado objeto ou parte do corpo.
De uma certa forma, o ser humano tem suas predileções eróticas, praticamente definidas, acreditando que o objeto de sua preferência é o real causador de suas excitações. Este comportamento pode ser associado a um reflexo condicionado.
Existe possibilidade que esta maneira de proceder se torne algo obsessivo, induzindo o indivíduo a tornar-se um colecionador de fetiches.
Em estudos de Psicologia Experimental, Alfred Binet definiu o fetichismo como o amor por determinadas partes do corpo. Segundo ele, o amor é o resultado de fetichismos complexos.
Acreditamos e percebemos que na realidade todo homem ''normal'' tem um pouco de fetichismo em seus relacionamentos sexuais. O que foge do ''normal'' é quando a pessoa não consegue obter prazer sexual sem a presença do seu fetiche.
Na visão freudiana, o fetichismo é um vestígio do complexo de castração formado na infância. Delicado afirmar até que ponto é verdadeira esta teoria.
Quando o fetiche se torna uma obsessão, transformando-se em uma neurose, o indivíduo poderá complicar sua vida sexual. Mas na dosagem certa, o fetichismo pode se tornar um tônico nos relacionamentos amorosos.
Marilandes Ribeiro Braga, psicóloga, terapeuta sexual e membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Presidente Prudente-SP).