Sexualidade

Fetiche é sempre sinal de perversão?

14 mai 2013 às 16:08

Fetichismo é algo que vem sendo estudado há muito tempo na psicologia, psiquiatria e psicanálise. Já foi considerado perversão e hoje é visto desta forma quando é o objeto sexual exclusivo de uma pessoa, isto é, quando a pessoa se satisfaz em contato com o objeto (fetiche), não precisando de um parceiro sexual.

Vamos definir fetiche para que o leitor entenda do que estamos falando. Em livros de psiquiatria, fetiche é um objeto (roupa íntima, sapato, cabelo) que é fonte de excitação sexual e é usado para praticar masturbação.


Já a literatura psicanalítica define fetiche como o objeto material ao qual se atribui poderes mágicos, isto é, qualquer objeto (amuleto, ídolo) investido de misteriosas qualidades do qual se espera ajuda miraculosa, muitas vezes, sendo um substituto da sexualidade esperada entre duas pessoas.


A Organização Mundial de Saúde, por meio do CID-10, considera, atualmente, o uso do fetiche como comportamento normal quando este serve apenas para reforçar a excitação sexual atingida em condições normais. Por exemplo: pedir ao parceiro que vista uma determinada roupa como preliminar ao ato sexual.


O uso exclusivo do fetiche denota imaturidade sexual, infantilidade, não elaboração do Complexo de Édipo por negação da castração, com regressão e fixação nas fases pré-fálicas. O objeto simboliza o próprio falo (pênis-poder) e a pessoa se satisfaz em tê-lo.


A regressão às fases pré-fálicas favorece a fantasia de continuidade da intimidade com a mãe, às vezes, com aspectos sádicos, como o prazer em cortar o cabelo das mulheres e guardá-los, como se assim as estivesse castrando e tomando para si o falo (pênis-poder) delas.


Geralmente, a pessoa não sente como se fosse um transtorno e não procura ajuda. Nestes casos, o prognóstico é ruim, pois sem ajuda especializada, a pessoa continuará imatura não só sexualmente, mas frente às questões da vida.


Mitos e Verdades


- Mito: fetiche é sempre sinal de perversão
- Verdade: o uso exclusivo do fetiche denota imaturidade sexual

Denise Hernandes Tinoco, doutora em psicologia clínica


Continue lendo