Diferentemente dos homens, as causas mais comuns de disfunção sexual nas mulheres estão ligadas à fatores psicológicos. A falta de desejo sexual, por exemplo, já ultrapassa a anorgasmia (ausência do orgasmo), e é a primeira causa de disfunção feminina.
Além disso, o problema acomete mulheres mais jovens, entre 25 e 35 anos, sexualmente ativas e férteis. Elas não têm diabetes, nem problemas de tireoide, dois dos fatores que podem afetar a libido, não tomam medicação crônica e nem são depressivas.
Então quais seriam as razões para esse problema que leva tantas mulheres aos consultórios médicos? Especialistas explicam que fatores como o estresse, o cansaço, a inexperiência devido a uma vida sexual iniciada muito cedo e a dessincronização com o parceiro são essenciais para desencadear o distúrbio.
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Contexto
A chave para uma relação de sucesso está, então, na comunicação. As mulheres são, por natureza, mais fantasiosas que os homens, desejam um sexo mais elaborado, com todo um contexto. Mas, ao mesmo tempo, não se sentem confortáveis para verbalizar isso, dizer o que é melhor, o que querem e como querem.
"Os homens tendem a genitalizar a sexualidade e sustentam em seu imaginário que são eles que 'nos fazem gozar'. Já nós mantemos o mito de que a sexualidade é um sucesso se conseguirmos satisfazer o nosso homem. Nós nos ocupamos mais em saber sobre o desejo dele do que sobre o nosso. Isso provoca uma dificuldade em colocar a nossa marca no intercâmbio amoroso; é difícil pedir, mostrar as nossas necessidades, estimular mudanças", explica Adriana Arias, psicóloga e sexóloga.
Segundo especialistas no assunto, é possível classificar um encontro sexual em etapas, que unidas formariam a 'resposta sexual feminina', são elas: excitação, platô, orgasmo e resolução. É possível que o desejo apareça na fase inicial, a excitação, mas pode ser também que a mulher não consigo alcançar o orgasmo. O que atormenta muitos homens. Mas os sexólogos aliviam: nada na sexualidade feminina é linear, portanto desregularidades são perfeitamente normais.
Solução
Segundo Diana Resnicoff, sexóloga e secretária geral da Sociedade Argentina de Sexualidade Humana, é simples: "O desejo sexual não começa na cama".
Se as coisas andam mornas demais é preciso esquentar. "Uma mensagenzinha de texto, uma foto erótica enviada pelo celular, um jantar, música, aromas. Contar uma fantasia. Essas são boas maneiras de encorajar o desejo", aconselha. Além de ter tempo para relaxar, para desligar-se do estresse do trabalho, dos estudos e até da família. É preciso ter um tempo a dois.
O sexólogo e clínico do hospital Durand, Adrián Helién, criminaliza a mídia e o mundo moderno no que tange ao desempenho sexual. "Passamos da impossibilidade do direito ao desfrute para o discurso consumista e midiatizado dos corpos idealizados. Essa mulher moderna se exige ser 'orgásmica', de bom rendimento. Isso pode chegar a ser frustrante", enfatiza.
Ele ainda defende o autoconhecimento afirmando que a visita ao médico não solucionará todos os problemas sexuais existentes. Segundo Helién, a melhor forma de se ajudar é explorar-se através da masturbação.
Tratamento
A diminuição da libido é algo que deve ser resolvido logo no início, não é tão grave quanto faz-se parecer, mas precede um problema maior. "Os danos colaterais costumam ser reclamações do tipo 'você não me ama, eu não te excito', 'você tem outro/outra', explica Helién.
Segundo o sexólogo Juan Carlos Kusnetsoff, isso, mais tarde, pode levar à anorgasmia que, apesar da gravidade, pode ser resolvida com uma terapia breve.
(Com informações do Portal UOL e Clarín)