Vemos na obesidade uma situação curiosa quando muitos maridos se incomodam com o peso da esposa, sentindo a doença delas como algo prejudicial que trava o relacionamento. Como se eles já não suportassem vê-las mais assim. Elas na parte de baixo da gangorra, eles por cima. A obesidade coloca a esposa numa posição de refém e aparentemente dona de toda a problemática, ficando ela com a responsabilidade de ter afetado a vida afetiva e sexual do casal.
Esses maridos podem começar a pegar pesado através de críticas que as magoam. Elas podem ficar cada vez mais depressivas. Ainda, esses maridos continuam na posição superior da gangorra e com a moral nas mãos, podendo até destinar um verdadeiro ''xeque-mate'' nelas, dando um tempo para que elas se movam em busca de mudanças, que aparentemente tem a ver só com o emagrecimento.
Elas buscam ajuda angustiadas, começam a emagrecer submetendo-se, na maioria das vezes, a um processo de estresse com mudanças alimentares e remédios, que se bem prescritos (de forma especializada) podem trazer mais conforto ao sofrimento. Após elas ficarem razoavelmente bem com certo emagrecimento, eles começam a piorar e a adoecer.
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Elas começam a ficar de bem com a vida, a rever os seus valores corpóreos, melhorar a auto-estima, mais vaidosas. Eles começam a ficar ciumentos podendo até gorar o tratamento de suas esposas, fazendo um difícil contrapeso para que elas não possam se sustentar na parte de cima da gangorra.
Agora que eles estão ameaçados a ficar por baixo, sentem-se perdendo e começam a manifestar as suas doenças também. A irritabilidade masculina, o mau humor e até sintomas obsessivos começam a ocorrer, podendo eles se distanciarem e ficarem frios com suas esposas. Muitas vezes tudo isto relacionado a transtornos psíquicos deles não tratados, projetados para o corpo das esposas, antes obeso. Como se a obesidade fosse o único problema do casal. E ela antigamente se submetia a achar que ele tinha total razão. Agora não mais! A gangorra começa a ficar instável.
Quando se chega neste ponto de instabilidade, realmente é hora de rever a relação e perceber que a afetividade e o companherismo deles devem ir além da questão física, corporal. E que a doença pode ser dele também! Nesses momentos é comum algum deles passar a olhar para a alternativa de ''um outro'', um terceiro na relação, que possa lhes colocar um espelho e dizer: ''Puxa, como você é bonita (o), sensual; o seu marido (ou esposa) não sabe mesmo o que está perdendo''.
Mas, no final, a relação do casal pode ficar mais forte, os dois se revendo e se tratando; e preservarem uma relação de amor e de interesse mútuo. A gangorra ainda se instabiliza, mas de uma forma mais leve. E tudo se resolve, ou melhor, quase tudo. Eles passam a gozar descontraidamente na gangorra que antes era um problema. Uma nova lua de mel se inicia, cada um deles mais saudável. Mas, ainda eles não serão felizes para sempre.
José O Cervantes Loli - endocrinologista (Apucarana)