Sexo é uma função do organismo humano. Todo mundo nasce com a capacidade para fazer sexo. Isto ocorre porque, por mais antiquado que possa parecer, a relação sexual é a forma natural da perpetuação da espécie. Se, por acaso, o ser humano se reproduzisse de outra forma, nós não faríamos sexo.
Na Pré-história, a atividade sexual acontecia de acordo com o instinto. Com a evolução da humanidade foram adotados símbolos e rituais de sedução que fazem parte do que chamamos erotismo. Foi assim, que o ser humano deixou de fazer sexo conforme a natureza e passou a praticá-lo de acordo com os sentimentos, emoções e valores. Desse modo, o sexo passou a ser a sexualidade, que é uma criação humana e não mais fruto do mero instinto.
A sexualidade faz parte da personalidade de todos, e se constrói por meio da interação entre o indivíduo e a sociedade. A sociedade impõe maneiras de como homens e mulheres devem atuar e se comportar sexualmente e muitas vezes, as imposições sociais impedem a satisfação de necessidades humanas básicas, como desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.
O avanço do conhecimento na área da sexologia, as descobertas científicas importantes (como a pílula anticoncepcional) e as manifestações sociais como o feminismo e o movimento gay permitiram que se percebesse que as imposições sociais atrofiavam o desenvolvimento das pessoas e comprometiam a saúde sexual.
Durante o XV Conresso Mundial de Sexologia, em 1999, a Assembléia Geral da WAS (World Association for Sexology) aprovou a Declaração de Direitos Sexuais com o apoio da OMS (Organização mundial da Saúde). Tais direitos refletem uma visão da sexualidade não apenas como forma de reprodução, mas como fonte de prazer e elemento importante no desenvolvimento humano e nas relações interpessoais.
Os Direitos Sexuais fazem parte dos direitos humanos universais, baseados em princípios como liberdade, dignidade e igualdade para todos os seres humanos: direito à liberdade sexual; à autonomia sexual, integridade sexual e à segurança do corpo sexual; à privacidade sexual; à igualdade sexual; ao prazer sexual; à expressão sexual; à livre associação sexual; às escolhas reprodutivas livres e responsáveis; à informação baseada no conhecimento científico; à educação sexual compreensiva (abrangente); à saúde sexual.
Maria Helena Vilela - enfermeira obstetra especialista em sexualidade humana